Geralmente ligada ao noticiário negativo, a atividade de lobby é vista por muitos como sinônimo de corrupção. O que poucos sabem é que essa é uma profissão prevista pelo extinto Ministério do Trabalho e Emprego como Relações Institucionais e Governamentais (RIG), e o trabalho desses profissionais vai muito além da pressão política.
A profissão criada por e pensada para homens hoje tem uma entidade representativa com mais de 500 associados em todo o Brasil – a Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig). Aos 33 anos, a advogada Carolina Venuto é a primeira mulher a representar a categoria de RIG no país.
Carolina garante: quem pratica corrupção, não atua como lobista e sim como bandido. “O mau profissional existe em todas as profissões e quando eventualmente o profissional de RIG usa de dinheiro ou de alguma vantagem indevida, ele não está fazendo lobby, ele está cometendo um crime. Assim como outro profissional, em qualquer outra atividade que faça alguma coisa que a lei não permita, eu nem considero esse profissional no grupo de profissionais de lobby”, declarou a presidente.
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A atividade, apesar de categorizada, ainda carece de regulamentação e é por isso que o maior empenho de Carolina tem sido para votação do projeto de lei (PL) 1202/2007, que já foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e teve uma emenda substitutiva global lida em Plenário. A Abrig, que é favorável ao texto, acredita que a aprovação dessa matéria ajudará a diminuir o preconceito contra a profissão.
“Tudo no Congresso é pautado pelo exercício dessa atividade, muita gente exerce essa atividade e nem sabe. Hoje o terceiro setor é um dos grandes fatores de lobby no Congresso Nacional”, explica. “A gente viu aí o Fundeb passando, é claro que tiveram vários fatores envolvidos nisso, mas a pressão de organismos internacionais voltados para a importância da pauta da educação foi fundamental para que a proposta fosse aprovada”, afirma Carolina.
Para a presidente da Abrig, o lobby é um fator importante na democracia brasileira. “A importância desse profissional hoje, principalmente em tempos de deliberações remotas, é de levar ao tomador de decisão a informação qualificada e técnica, sobre a política pública que ele está querendo implementar ou a lei que ele está querendo alterar”, explica.
Uma das juradas do Prêmio Congresso em Foco, Carolina passou o último final de semana investigando os deputados e senadores.
“Está sendo uma experiência muito interessante, no final de semana eu fiz meu dever de casa de fazer a votação. É quase um processo de investigação deles , porque eu entendo que tem um peso muito importante a nossa votação, principalmente como júri técnico. Porque a votação popular ela tende a ser mais apaixonada. A nossa não, a nossa tem que ser técnica, levantando todas as votações, os projetos. Então tem sido uma caminhada muito gratificante. E também tenho conhecido mais sobre cada deles”, conta.
Carolina acompanha a política de perto e tem visto nos últimos dez anos o processo de descredibilização, tanto de sua categoria, quanto dos parlamentares.
Porém, assim como no lobby, na política existem representantes bons e ruins e ressaltar os casos positivos é uma das maneiras de fazer com que o bom exemplo gere transformação. “A política vem sendo marginalizada, por isso também o profissional de RIG também é colocado nessa margem. Mas nós que participamos disse de forma legítima e sistemática, é muito importante que a gente ressalte também o bom trabalho. Nós temos quadros muito bons no Congresso Nacional e é uma oportunidade da gente compartilhar isso com a sociedade”, diz.
No Prêmio Congresso em Foco estão em disputa as categorias gerais “Melhores na Câmara” e “Melhores no Senado” e as especiais “Defesa da Educação”, promovida organização não governamental Todos pela Educação, e “Clima e Sustentabilidade”, apoiada pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS).
A votação da 13ª edição do Prêmio Congresso em Foco foi encerrada na última sexta-feira (31), com mais de 2 milhões de votos computados.
A proposta da premiação é o reconhecimento do trabalho desempenhado por congressistas, conforme a opinião do público, de um júri especializado e de jornalistas. A cerimônia de entrega dos prêmios aos vencedores será realizada de forma online no dia 20 de agosto a partir das 20h.
É tudo verdade. Só falta criar um jeito de organizar a atividade. Fazer pelas claras. Todo político em si mesmo é um lobista. Ele é eleito para representar um grupo.