*Malu Molina
Não existe “o meu partido é o Brasil”. O que existe é um grupo político que se apropriou dos símbolos brasileiros, como a nossa bandeira e suas cores, para tentar se apropriar de toda uma nação. O Brasil sem partido é o Brasil de um partido só, passando por cima de nossas maiores riquezas: nossa diversidade e nossa jovem democracia.
Mas calma, o Brasil não é isso. Somos muito mais, e quando um grupo tenta falar em nome de uma nação tão plural quanto a nossa, devemos lutar. Lutar para que o verde e amarelo não sejam sinônimo de ideias populistas, extremistas e baratas. Lutar pelo que realmente importa, por uma segunda e definitiva independência.
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Ter independência é ter autonomia e liberdade para decidir nosso rumo enquanto nação, nosso futuro enquanto sociedade. E o caminho para decisão e construção do nosso futuro continua sendo o mesmo de 7 de setembro de 1822: a política.
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O problema é que a nossa política está excessivamente branca e masculina. Mulheres, negros e negras, que são a maioria da população brasileira, continuam sendo minoria política. Para que as decisões de hoje, que irão construir nosso amanhã sejam melhores, é preciso olhar para todos e todas. Por isso toda nossa diversidade deve estar representada na política.
Fazer política é ter o direito de sonhar e construir um mundo melhor. Que tipo de mundo estamos construindo quando esse direito é negado para a grande maioria da população?
Direitos negados pelas desigualdades. Porque “quem quer consegue” só se tiver oportunidades para se desenvolver. Estamos trancados em casa – isso para quem tem casa para se trancar. Estamos trancados em um sistema que precisa ser reinventado, ou estará datado. Ou acabamos com ele, ou ele acaba com a gente primeiro. E é por isso que a luta por uma segunda e definitiva independência, deve ser a luta pela igualdade.
Precisamos romper com o atual modelo tóxico de sociedade, e construir um novo modelo que de fato promova e proteja a vida. A independência dos brasileiros e brasileiras está na promoção da igualdade de oportunidades, com garantia das liberdades individuais e coletivas. Para que não qualquer um, mas para que todos e todas possam ter o direito de sonhar, independente de quem seja, onde esteja e quanto tenha.
O desenvolvimento humano é o processo de ampliação das liberdades das pessoas. Mas em uma sociedade “livre” e desigual, crescem as injustiças, a violência e a pobreza, tornando a liberdade um privilégio.
Não podemos viver em um dos países mais desiguais do mundo, e esperar que fique tudo bem. A verdadeira independência do Brasil será quando todo seu povo tiver acesso à igualdade. Igualdade que não tem apenas a ver com o valor igualitário do voto, mas com o acesso à uma vida longa e confortável, à educação e informação, e o acesso a uma renda que permita a construção de uma vida digna.
Com muita luta, sangue, suor e lágrimas, hoje temos e entendemos que os direitos civis e políticos são bons para todo mundo. Precisamos continuar lutando pela garantia dos direitos sociais, e para que a promoção da igualdade de oportunidades seja uma política de Estado, uma política de Brasil! E não uma política de um partido ou de outro, de um governo ou de outro.
Dentro do Brasil existem diversos “Brasis”. E toda essa diversidade deve estar representada na política. Porque a conquista e a promoção da igualdade, tão importante para uma definitiva independência dos brasileiros e brasileiras, só ocorrerá com a radicalização da participação democrática. Só assim o Brasil será sonhado e construído por todos os brasileiros e brasileiras, e não por um ou outro grupo político.
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*Cientista Política e Ativista pela Igualdade Social
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