Se você ainda não viu ou leu nada sobre o assunto, conto rápido. No último dia 1º de abril, fui ameaçado de prisão e obrigado a assinar um termo circunstanciado de ocorrência (TCO), comprometendo-me a comparecer em juízo para responder a uma acusação de perturbação da ordem pública. Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), porque incomodei a vizinhança com o barulho da minha festa de aniversário de 60 anos, interrompida pouco depois das 23h pela chegada dos policiais.
Várias testemunhas presentes e eu próprio podemos assegurar que o motivo foi outro. Na hora de cantar os parabéns, tivemos – eu e alguns dos presentes – a ousadia de gritar “Fora Bolsonaro”. O depoimento do publicitário Ludovico Ribondi reforça a suspeita de que os PMs agiram politicamente.
Ludovico conta que estava em casa quando ouviu gritos de alguém que no pilotis fazia confusão. Ao descer, viu “um senhor” “socando a guarita”, demonstrando estar “bêbado e muito alterado”. O morador supostamente incomodado com o barulho reclamava: “Esses venezuelanos…”. O publicitário também constatou parcialidade na ação policial. Veja o seu depoimento:
Leia também
Retornarei ao assunto, por ver no episódio ingredientes de arbítrio e ilegalidade que atentam contra a liberdade de expressão. Por ora, alguns esclarecimentos básicos. Não tenho nada de venezuelano. Sou brasileiro nato e aqui vivi por quase toda a minha vida. Não simpatizo com a ditadura venezuelana, nem com ditadura nenhuma, seja ela de esquerda ou de direita.
Quanto à PMDF, acusou em nota oficial a mim e a alguns convidados de terem tentado impedir o seu trabalho. O Congresso em Foco aguarda há dias que a instituição apresente as provas que a levaram a fazer uma acusação tão grave. Também questionamos a Polícia Militar sobre a identidade do agressor e quais as providências que foram tomadas em relação ao seu mau comportamento. Até agora, nenhuma resposta.
O Ministério Público anunciou que investigará o comportamento da PMDF no episódio. Também recebemos, o Congresso em Foco e eu, diversas manifestações de solidariedade, inclusive da ABI e de parlamentares federais e distritais.
A PMDF ainda deve explicações à sociedade sobre as circunstâncias em que ocorreu a invasão da Esplanada dos Ministérios para as comemorações bolsonaristas do Sete de Setembro. A área deveria ter sido bloqueada para veículos, como ocorre com as manifestações da oposição. Foi aberta para caminhões e caravanas, vindas de várias partes do país.
Criada em 13 de maio de 1809 por D. João VI, a Polícia Militar do Distrito Federal tem como patrono Tiradentes, herói nacional morto por lutar pela liberdade.
Nesta quinta-feira, às 18h30, estarei com minha colega Vanessa Lippelt e com Marcos Rolim, um dos fundadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, conversando sobre o tema “PMs e Estado Democrático de Direito”. Fica o convite para você acompanhar.
Veja também:
Deixe um comentário