Quando a imprensa volta a abrir espaço para um novo debate em torno de política macro prudencial, com acadêmicos expressando em artigos preocupação com a possibilidade de uma bolha de ativos, entendemos, ao contrário, que o momento econômico requer uma nova rodada de medidas anticíclicas para retirar a economia brasileira do marasmo em que se arrasta há cerca de dois anos.
Não se vislumbra, no horizonte, como confirmam previsões conflitantes do mercado, a possibilidade de um descontrole inflacionário que justifique preocupação com controles sobre o setor financeiro da economia. Pelo contrário, diante da contração do crédito, do consumo retraído e de um câmbio equilibrado, os preços tendem a se manter estáveis.
O recente reajuste no preço da gasolina, para ajuste do caixa da Petrobrás, foi absorvido pelo mercado sem nenhum efeito dominó. Em outros tempos, um aumento nos preços dos combustíveis provocava uma reação em cadeia levando a reboque os preços de produtos e serviços alimentando a espiral inflacionária.
O pequeno crescimento da economia em 2012, a despeito da manutenção dos níveis de emprego, sugere a necessidade de uma nova intervenção do governo oferecendo um conjunto de ações capazes de dar um novo estímulo à economia, ainda que já se anteveja, para este ano, um crescimento de até 4% da produção nacional.
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A vertiginosa queda na exportação de manufaturados brasileiros, sem que a indústria nacional encontre alternativa no mercado interno para colocar sua produção, sinaliza que falta fôlego para compensar a anemia do mercado internacional e sustentar em níveis aceitáveis a capacidade de produção das nossas fábricas.
Elas estão produzindo cada vez menos. Não conseguem operar acima de 80% da sua capacidade instalada, criando dificuldades, senão impedindo, o necessário investimento para sustentar o desenvolvimento econômico experimentado dois anos atrás. De outra parte, também não reduzem seus preços, sustentando uma margem de lucros muito além dos parâmetros internacionais.
E o pior que pode acontecer a uma economia é a retração do seu setor industrial. É a indústria quem puxa o desenvolvimento tecnológico, gera os melhores empregos e paga os maiores salários. Numa reação em cadeia, estimula todo o conjunto da economia e contribui até para o aumento da arrecadação governamental. Mas o empresário não deve ficar a reboque apenas de soluções governamentais, deve tomar iniciativa, investir e inovar.
A indústria brasileira padece de competitividade. A redução nas tarifas de energia elétrica – sem dúvida, um de seus mais importantes insumos – já começa a lhe render resultados. E cada vez mais o governo estende ao conjunto manufatureiro as isenções tributárias e a redução dos custos da folha de salários, ampliando a sua competitividade.
Paralelamente, o governo não pode descuidar dos investimentos em educação. Só o acesso ao conhecimento promove a igualdade de condições por meio da formação de trabalhadores qualificados que contribuem para aumentar a competitividade e tornar auto-sustentável o conjunto da economia.
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