A crise climática que se instalou no país tem pautado a agenda política nessa reta final das campanhas eleitorais. Apenas na cidade de São Paulo, foram 1.523 notificações de síndromes respiratórias agudas e 76 óbitos decorrentes da piora da qualidade do ar entre agosto e a primeira semana de setembro. Os dados da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo dão uma pista sobre os riscos que a crise climática pode trazer para o sistema público de saúde municipal, sobrecarregando o atendimento onde o impacto das mudanças climáticas se torna mais visível.
Afinal, é nas cidades que vivem as pessoas. Os futuros responsáveis pelas políticas municipais nos próximos quatro anos, tanto no Executivo quanto no Legislativo, terão pela frente um cenário desafiador, onde medidas urgentes já chegam com atraso. As queimadas na Amazônia, no Pantanal e no interior do estado de São Paulo se somam aos desastres causados há pouco pelas chuvas na região Sul do país e na serra do Rio de Janeiro. E embora distintos entre si, esses eventos são todos consequências das mudanças do clima.
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Mas, se é nos municípios que os maiores efeitos da emergência climática são sentidos, eles também são o ponto de partida para virar o jogo. É nos municípios que podemos plantar a semente da transformação e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações. Ainda temos dificuldades para colocar a pauta climática na agenda do dia, tanto para a sociedade quanto para os gestores públicos. Mas a fumaça que se espalhou de norte a sul trouxe um tom diferente para a conversa.
É nesse contexto que candidatos à vereança de todo o Brasil se uniram para lançar a Bancada do Clima, uma aliança entre aqueles que têm a pauta climática como prioridade. Os candidatos se comprometem a construir um plano para decretação de emergência climática nos municípios, com objetivo de identificar, gerenciar e prevenir desastres climáticos, principalmente nas regiões mais vulneráveis. Além disso, investirão na arborização urbana, com a criação de parques, praças e áreas verdes acessíveis para toda a população.
Grupos vulnerabilizados são aqueles que mais sofrem. Os que dependem do transporte público, trabalham ao ar livre e as crianças pequenas, que absorvem mais partículas poluentes ao circular por cidades onde os veículos dominam o espaço. Cidades como Londres, Madri e Bogotá já adotaram restrições aos carros como forma de melhorar a qualidade de ar e promover uma vida mais saudável para seus cidadãos. São Paulo resiste a seguir esse caminho, mas temos cobrado ações concretas dos governos locais. Não é hora de promessas vazias.
Os vereadores têm um papel central na transformação das cidades, com o dever de legislar para a adaptação climática e fiscalizar a implementação de soluções locais pelo Executivo. Nesse contexto, a Bancada do Clima propõe alinhar ações locais a uma visão global, conectando municípios brasileiros a práticas sustentáveis já adotadas em metrópoles pelo mundo. É preciso agir agora, antes que as consequências se tornem irreversíveis. A mudança começa com a pressão sobre o governo, mas também depende da conscientização e da mobilização da sociedade civil. A luta pela qualidade do ar é uma luta pela vida. E ela não pode esperar.
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