Olho pela janela e vejo categorias as mais diversas negligenciando seus deveres porque não estariam sendo valorizadas. A população, em uma reação natural, passa a valorizá-las cada vez menos, desanimando-as mais e mais em um círculo vicioso pavoroso e sem fim à vista.
Vejo nosso país desestimulando – e eis algo histórico – os empreendimentos nacionais. Nossos empresários começam a investir mais e mais no exterior. Ou a não investirem em lugar nenhum. Nossa economia piora e os incentivos à produção vão ficando cada vez mais escassos, reiniciando outro círculo vicioso de mediocridade e recessão.
Nossos consumidores, a cada dia mais desalentados com a qualidade e o preço do que lhes é oferecido, passam a comprar menos produtos de empresas que vão, então, cortando em diversidade e qualidade – e realimentando um sério círculo vicioso de decadência.
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Penso no sucateamento de nossa infraestrutura – e nos entraves que cria à geração de riquezas. Menos recursos, menos investimentos – e novamente menos recursos. E assim seguimos em frente, porém nunca para a frente. Eis aí outro círculo vicioso medonho, igualmente sem grandes perspectivas de melhora.
Lanço um olhar sobre a impunidade. Vejo nossas instituições em franco recuo na luta contra o mal – que, então, aumenta em intensidade, impondo derrotas ainda mais humilhantes a um povo cuja descrença só faz crescer. O que pequena ainda mais nosso quadro institucional – e reinicia um círculo vicioso deplorável ainda sem data marcada para terminar.
Retorno à propaganda de biscoitos. Fico a pensar se não estamos realizando o seu oposto: vendem pouco porque não estão fresquinhos e nunca estão fresquinhos porque vendem pouco. Até que não se venda nenhum – ou que a fábrica feche suas portas.
Quebrar esses círculos viciosos é um dos grandes desafios do Brasil de hoje. Alguém tem que dar um passo – um passo de fé. Afinal, como dizia Câmara Cascudo, “o Brasil não tem problemas, só soluções adiadas”.
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