Pela primeira vez, as travestis ultrapassaram os gays em número de mortes violentas no Brasil. Em 2020, foram 161 travestis e trans (70%) vítimas da homotransfobia. Ao todo, 237 pessoas LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) morreram de forma violenta – 224 homicídios (94,5%) e 13 suicídios (5,5%). Os dados são do Relatório Anual de Mortes Violentas de LGBT no Brasil, realizado há 41 anos pelo o Grupo Gay da Bahia (GGB). Esta é a única pesquisa nacional que inclui todos os segmentos dessa comunidade.
Os números também são refletidos no governo e no exercício da democracia. Recentemente, a vereadora mais votada no município do Niterói (RJ), a carioca trans Benny Briolli (Psol), saiu do país por sofrer ameaças à sua integridade física. O exílio se deu por decisão do partido, após seguidas ameaças à vereadora não terem sido respondidas adequadamente por autoridades responsáveis, segundo afirma o gabinete da parlamentar.
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Outros parlamentares têm sofrido perseguição política e discurso de ódio por orientação sexual e outras discriminações. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, equiparar a homofobia e a transfobia ao crime de racismo,que prevê pena de até cinco anos de reclusão.
Porém, apesar dos números serem elevados, observou-se em 2020 a redução das mortes violentas de pessoas LGBT+: de 329 para 237, decréscimo de 28%. O ano recorde foi 2017, com 445 mortes, seguido de 2018 com 420, baixando para 329 mortes em 2019 e agora 237 em 2020. O relatório não tem explicação sociológica para esse fenômeno.
Segundo o professor Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), não é a primeira vez que há redução do número de mortes de um ano para outro sem previsão. “Por exemplo: em 1991 registrou-se uma queda de 153 para 83 em relação ao ano anterior (45%), oscilação sem nenhuma causa detectável”, diz o documento.
Para o docente, a explicação mais plausível para a diminuição do número total de mortes violentas de LGBT em comparação com o ano anterior se deve ao “persistente discurso homofóbico do presidente da República” e sobretudo “às mensagens aterrorizantes dos apoiadores do governo nas redes sociais no dia a dia, levando o segmento LGBT a se acautelar mais”.
Para manter o número de mortes decaindo, Grupo Gay da Bahia (GGB) recomenda, dentre outras medidas, a urgência de ações governamentais com vistas a reverter o quadro atual de violência e discriminação contra homossexuais, bissexuais e transexuais no Brasil; educação sexual e de gênero em todos os níveis escolares para ensinar jovens e população em geral o respeito aos direitos humanos e cidadania da população LGBT; e a investigação e punição dos crimes homotransfóbicos.
Thaís Rodrigues é repórter do Programa de Diversidade nas Redações realizado pela Énois – Laboratório de Jornalismo, com o apoio do Google News Initiative.
>Presidente da Aliança Nacional LGBTI+ recebe ameaça nazista após eleições
É bom eu saber que travesti não é gay.kkk
Tem 260 gêneros diferentes, por isso que tem tanta letra no nome.