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As disputas partidárias entre o senador tucano Antero Paes de Barros (MT) e o deputado petista José Mentor (SP) ao longo de seis meses de investigações da comissão parlamentar mista de inquérito (CPI) responsável por apurar a remessa ilegal de divisas para o exterior renderam três relatórios diferentes, que, na avaliação do Ministério Público, em nada jogaram luz ao nebuloso esquema de envio de recursos para exterior. Além de Mentor, que relatou o trabalho, e Paes de Barros, que presidiu as investigações, também o deputado Edmar Moreira (PL-MG) apresentou suas conclusões em separado. “O resultado dessa CPI foi ridículo”, classifica o procurador da República Celso Três, que, em 1999, começou a investigar no Paraná o envio de recursos para fora do país por meio das chamadas contas CC-5 (para não-residentes). Segundo Celso, de janeiro de 1992 a dezembro de 1998, foram remetidos para fora do país por meio dessas contas US$ 124 bilhões ao exterior. O procurador estima que metade desse dinheiro, ou seja, US$ 62 bilhões, tenha origem desconhecida. Leia também Os relatórios finais dos parlamentares não foram votados, mas, mesmo assim, foram encaminhados à Polícia Federal e ao Ministério Público. Segundo Celso, o poder de investigação da CPI do Banestado – juntamente com os holofotes da mídia – poderia ter trazido um resultado melhor para o país. “É muito mais fácil para eles (parlamentares) investigarem”, afirma. “Às vezes, expedimos requerimentos apenas pedindo informações, e não obtemos respostas”, justifica o procurador, sobre a dificuldade de se rastrear o caminho do dinheiro ilegal. Ao longo das investigações, PSDB e PT se alternaram na troca de acusações de favorecimento político a aliados. Enquanto os petistas acusavam ex-diretores do Banco Central do governo Fernando Henrique Cardoso de conivência com a evasão de divisas, os tucanos contra-atacavam com denúncias contra o atual presidente da instituição, Henrique Meirelles, que teria enviado dinheiro ilegalmente para o exterior. |
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