Sônia Mossri |
A operação do governo Lula para evitar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as relações do ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz envolve farta distribuição de cargos e liberação de verbas para parlamentares. A palavra de ordem do Palácio do Planalto é bombardear a fragilidade da base governista com farta distribuição de cargos nos próximos meses. Na ponta do lápis, parlamentares do PMDB, PP, PTB e PL contavam os cargos que poderiam abocanhar no Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), Departamento de Infra-estrutura de Transportes (Dnit), Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e delegacias regionais do Ministério da Agricultura. Quase doze anos após a criação da CPI do Congresso para apurar denúncias de corrupção contra o presidente Fernando Collor de Mello e o tesoureiro de campanha Paulo César Farias, o governo Lula montou uma estratégia de guerra semelhante à utilizada pela tropa collorida. Leia também No esforço para evitar a qualquer custo uma CPI que investigue também as atividades de Waldomiro Diniz na Casa Civil e crie problemas para José Dirceu, o governo não hesita em oferecer recompensas em busca do apoio de parlamentares do PSDB e do PFL – onde se concentram as reações mais indignadas à denúncia de envolvimento de Waldomiro com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. PMDB dividido no Senado O líder de um dos partidos da base aliada considera que já há número de assinaturas no Senado suficientes para a instalação de uma CPI. A bancada do PMDB no Senado não compartilha o mesmo entusiasmo do líder do partido, Renan Calheiros (AL), em impedir a criação da comissão. Durante almoço com toda a bancada do PMDB no Senado, Renan Calheiros não conseguiu apoio para a divulgação de uma nota conjunta com uma posição unânime do partido contra a CPI. Até mesmo o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), achou mais prudente esperar o desenrolar do episódio Waldomiro Diniz antes que o partido mostre uma posição oficial contra a CPI. Todo o trabalho do governo Lula é de impedir que investigações do Congresso quebrem o sigilo telefônico e fiscal de Waldomiro Diniz, com vazamento para a imprensa, e provoquem arranhões no ministro-chefe José Dirceu. O ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, o líder do governo na Câmara, Miro Teixeira, e o próprio Dirceu dispararam ligações para parlamentares e mantiveram reuniões durante todo o dia. Parlamentares petistas com trânsito livre no Gabinete Civil mostravam-se apreensivos diante da possibilidade de que surjam novas denúncias sobre a atuação de Waldomiro Diniz durante o governo Lula. A expectativa de deputados e senadores é de que novas denúncias contra Waldomiro Diniz devam surgir nos próximos dias. Por isso mesmo, senadores do PMDB não estão dispostos a aceitar o velho e batido argumento de que uma CPI provocaria instabilidade política e econômica. |
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