Leia também
O projeto do PNE foi enviado pelo governo federal ao Congresso em dezembro de 2010 e só foi aprovado pela Câmara dos Deputados quase dois anos depois, em outubro de 2012. No Senado, passou por três comissões, durante pouco mais de um ano de tramitação.
Um dos principais críticos ao texto é o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), relator do projeto do PNE na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). Das 101 mudanças contidas no relatório do senador e aprovadas pela comissão, 47 foram rejeitadas pelo autor do substitutivo que seria votado pelo Plenário, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). O texto apresentado por Vital foi pouco modificado pelo relator em Plenário, senador Eduardo Braga (PMDB-AM).
Ao criticar o texto que seria votado pelo plenário, Alvaro Dias disse considerar que o Senado estava desperdiçando a oportunidade de promover um “extraordinário salto de qualidade” no sistema educacional do país. Entre os pontos que geraram críticas do senador está a falta de responsabilização para os agentes e gestores que não cumprirem as metas do plano e a retirada de dispositivo que fixava prazo de um ano para a aprovação de uma proposta de lei de responsabilidade educacional.
“Tenho que concluir afirmando que não creio neste plano de metas, que ele não promoverá os avanços que poderíamos aqui decretar, se amarássemos a ele os dispositivos de exigência e de responsabilidade educacional”, lamentou.
Colcha de retalhos
Autor de emenda que incluiu no texto uma nova meta para estimular a inovação, o senador José Sarney (PMDB-AP) disse não ser “um entusiasta” do plano. Segundo o senador, o projeto é uma “junção de retalhos” entre os interesses de diversos grupos. Esse também é o entendimento de Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que associou o projeto a uma “carta de intenções” e não à realização de metas que concretamente melhorariam a qualidade da educação no Brasil.
“Esse relatório aqui proposto não melhorará os índices de educação no país, não garantirá os 10% do PIB. Não é o relatório que merecerá o nosso voto e não é o relatório com que vamos concordar. É por isso que votaremos contra ele”, declarou.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) criticou a decisão do relator de rejeitar o substitutivo (texto alternativo) apresentado por ele. Cristovam havia proposto, entre outros pontos, a expansão das atuais escolas federais para todo o país, o aprimoramento da carreira docente e dos equipamentos escolares, além da implantação da jornada integral em toda a rede pública.
“Eu gostaria de debater. Eu gostaria de termos chance de debater, em vez de a proposta ser recusada de uma maneira tão simples, tão rápida”, lamentou.
Concordância
Antes de anunciado o adiamento, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse considerar que o texto se consolidava como “um plano de Estado para a educação”. De acordo com o senador, o resultado do trabalho é uma carta de princípios que mostrará o compromisso do Brasil com o mundo, a erradicação total do analfabetismo, a universalização do atendimento escolar, a superação das desigualdades educacionais, a melhoria da qualidade em educação e a formação para o trabalho e cidadania.
“O texto estabelece metas de aplicação das reuniões públicas em educação, valoriza professores e profissionais da área, promove princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental”, acrescentou.
Eunício Oliveira (PMDB-CE) também elogiou o texto, que, na sua opinião, elevaria a educação a um status de prioridade nacional, ao estabelecer o norte a ser seguido na política educacional do Brasil até 2020.
“Trata-se de um plano que está em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos e é fruto de um amplo diálogo, de um amplo debate, entre os Poderes Executivo e Legislativo e a sociedade brasileira”, disse.
Deixe um comentário