Sônia Mossri |
Um trio formado por parlamentares irmãos na mesma legislatura é um acontecimento inusitado, mas não é algo inédito na política brasileira. Aconteceu no Brasil Imperial. Os três irmãos Andrada – José Bonifácio, Martin Francisco e Antônio Carlos – foram deputados constituintes em 1823. Os Andradas não tiveram final feliz na política. José Bonifácio, o “Patriarca da Independência” foi deportado com os dois irmãos para a França por causa de suas duras críticas ao autoritarismo de D. Pedro I, que usou a força das armas para dissolver a Assembléia Constituinte. O atual chefe do clã dos Calheiros costuma dizer que “não é um político de um tiro só”. Tem dois projetos pela frente: ser governador de Alagoas ou até mesmo presidente da República. Isso talvez explique o desejo de Renan de ser o próximo presidente do Senado, enfrentando o apetite do colega José Sarney (PMDB-AP) de permanecer no cargo. Renan afirma ter a preferência mediante acordo que fez com o próprio Sarney, pelo qual seria o próximo presidente do Senado. Leia também Renan tem um argumento pronto para explicar a desavença e, ao mesmo tempo, defender sua pretensão. “Primeiro, havia um acordo, com a participação de muita gente, que previa alternância na presidência do Senado. Fiz esse acordo para eleger o Sarney. Como presidente da casa, poderei colaborar com o país. Trabalhei para unificar o PMDB na sustentação do governo. Caso contrário, o partido estaria em frangalhos”, afirmou. Renan recusou o Ministério da Saúde, prêmio de consolação que o Palácio do Planalto chegou a oferecer a ele atendendo o desejo de Sarney de afastá-lo da corrida à presidência do Senado. Ele considera que sua passagem pelo Ministério da Justiça, no governo Fernando Henrique Cardoso, já foi suficiente. O período de Renan à frente do ministério foi bem avaliado por organizações não governamentais, mas ele acabou deixando o cargo por desentendimento com o general Alberto Cardoso, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Renan desconversa longo quando o assunto são os seus planos políticos. Afirma que ainda é muito cedo para pensar nisso e que ainda não está definido se o PMDB terá candidato próprio à Presidência da República nas eleições de 2006. Ele não diz, mas o mais provável é que o PMDB tenha candidato próprio se a popularidade do governo Lula estiver baixa. O líder do PMDB no Senado não gosta quando o chamam de fisiológico, imagem que se consolidou depois que o governo Lula entregou cargos em troca dos votos dos senadores peemedebistas no Congresso. “Eu fiz questão de não patrocinar nenhum candidato. Patrocinei as indicações da bancada. Isso é uma coisa equivocada. O PMDB não é fisiológico. O partido continua com a melhor avaliação do país”, defende. |
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