Faltam apenas sete meses para as eleições presidenciais. O quadro ainda é extremamente instável e incerto. Muita água ainda vai passar debaixo dessa ponte. As eleições de 2018 marcarão o fim de um ciclo inaugurado pela Nova República, na redemocratização.
No Brasil, com o seu forte presidencialismo, ao contrário dos regimes parlamentaristas, o embate político se dá em torno de personalidades, e não em torno de ideias e programas. Isto nos leva a uma inversão do processo natural. Primeiro, discutimos nomes, depois saímos em busca de rechear a candidatura de conteúdo programático. As candidaturas deveriam nascer a partir de um diagnóstico sólido da realidade e da projeção de ideias sobre o futuro do país. Mas aqui, e não é diferente no presidencialismo americano, a discussão se concentra nos atributos, história pessoal, defeitos e qualidades dos personagens envolvidos.
A própria realidade vai decantando o processo. A primeira notícia já consolidada é a inexistência de “outsiders” com condições de competitividade eleitoral. Com a retirada de cena do apresentador Luciano Huck e com o recuo do PSB em relação à candidatura do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, tudo indica que não teremos alguém com capacidade de galvanizar a opinião pública. As respeitáveis candidaturas de João Amoedo (Novo) e Paulo Rabelo de Castro (PSC) não terão ferramentas para se tornarem conhecidas e crescerem suas votações.
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À esquerda, teremos a candidatura do PT, provavelmente de Fernando Haddad, dado o impedimento da candidatura de Lula por enquadramento na Lei da Ficha Limpa. Além disso, a tendência será a pulverização de votos entre Ciro Gomes (PDT), Boulos (Psol) e Manuela D´Ávila (PCdoB). Marina (Rede) enfrenta um esvaziamento e terá enormes dificuldades para repetir desempenhos anteriores.
Na extrema-direita, desponta o fenômeno Bolsonaro (PSL), com uma linguagem agressiva e conservadora, que tem granjeado apaixonada adesão, inclusive entre os mais jovens.
Haverá ainda as sempre presentes candidaturas caricaturais procurando seus cinco minutos de fama. E a surpreendente presença do ex-presidente Collor em busca da recuperação de sua biografia.
O PSDB lançou o experiente governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O DEM colocou, na sua Convenção Nacional, o nome de Rodrigo Maia. O MDB acalenta o projeto de candidatura própria para a defesa do legado e da honra de Michel Temer.
O Brasil viveu a sua maior crise. Econômica, política, institucional e ética. Tudo que o país precisa é de paz, diálogo, experiência, tranquilidade e visão estratégica correta. Em minha opinião, isso nascerá da convergência do centro democrático e reformista. O radicalismo não é o melhor caminho para o futuro do país.
A política é a arte de unir, não de dividir. Acima de nomes precisamos evitar a polarização dos extremos e construir uma candidatura que una as forças democráticas e reformistas para recolocar o país nos trilhos.
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