Roseann Kennedy
A campanha petista e a própria presidenciável Dilma Roussef não querem correr o risco de enfrentar mais um constrangimento no Ceará. Ela sabe que para voltar ao Estado é melhor estar afinada novamente com o deputado federal Ciro Gomes e é isso que vai tentar fazer numa conversa que está programada para esta quinta-feira, aqui em Brasília.
Sem um contato amigável com Ciro, uma visita às terras cearenses pode enfrentar alguma hostilidade. No início do ano, por exemplo, enquanto o deputado ainda sonhava disputar a vaga do Palácio do Planalto, Dilma foi ao Estado, mas não foi recebida pelo irmão dele, o governador Cid Gomes. Teve que ela mesma ir procurar o governador.
Depois de as articulações políticas do presidente Lula, do PT e do PSB enterrarem a candidatura presidencial de Ciro, ele também reagiu de forma nada agradável para a campanha Dilmista. Chegou a dizer, por exemplo, que o tucano José Serra era mais bem preparado e que ninguém pedisse para ele ir à TV declarar seu voto.
No entanto, agora, com intermediação do presidente do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a expectativa é de que Ciro Gomes grave participação no programa de televisão da campanha de Dilma. O guia eleitoral, nome que os pernambucanos dão à propaganda eleitoral gratuita em rádio e televisão, entra no ar a partir de 17 de agosto.
Com a reaproximação, a campanha de Dilma espera garantir um palanque tranqüilo e engajado para ela no Ceará. É no Nordeste onde a candidatura da petista mais tem crescido. Dilma quer a garantia, também, de que Ciro não dará mais nenhuma declaração que pese contra a petista.
Mas, para isso, interlocutores do deputado dizem que será exigida uma contrapartida. O afago desejado por Ciro, afirmam, é o compromisso da presidenciável de que, no Ceará, ela só fará campanha para o irmão dele, Cid Gomes. A cobrança, dizem, será para ela não subir no palanque de Lúcio Alcântara (PR), também candidato ao Governo.
Por enquanto, não se imagina, no ambiente político, envolvimento de Ciro Gomes diretamente com a coordenação de campanha de Dilma ou atuação nacional por parte dele. Seu apoio estará focado no Estado. Mas o real tamanho de sua participação, diz o presidente do PSB, Eduardo Campos, somente o próprio Ciro poderá decidir.
No partido, a aposta é de que já houve tempo suficiente para o deputado federal preterido pelo presidente Lula na corrida ao Planalto superar suas frustrações. É uma avaliação a conferir.
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