Edson Sardinha |
Apesar do descontentamento com a carga tributária e a dificuldade de acesso às fontes de financiamento, parlamentares e representantes do setor turístico estão em lua-de-mel com o ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia. Na Câmara, o trânsito de Mares Guia é facilitado pelos colegas de partido (PTB), que estão à frente da Comissão de Turismo e Desporto e da recém-criada Subcomissão de Financiamento. Mesmo no Senado, onde a subcomissão que trata do assunto é comandada pela oposição, o ministro é poupado das críticas, transferidas para os ministérios da Fazenda e do Planejamento. “Há uma clara boa vontade do Ministério (do Turismo), mas ainda falta conscientização por parte do governo de que este é o setor que mais vai gerar emprego no país nos próximos anos”, avalia o presidente da Subcomissão de Turismo do Senado, Paulo Octávio (PFL-DF). Leia também Ele aponta o destino que deve ter o dinheiro anunciado pelo governo. “Quem não gasta com divulgação, não vai ter retorno. É preciso direcionar recursos para o marketing”, disse o senador, dono de hotéis em Brasília. Apesar de bem visto, o ministro do Turismo terá de comparecer à Câmara, no dia 5 de maio, para explicar o porquê da dificuldade de liberação das linhas de crédito para o setor. Ele é o primeiro convidado da subcomissão criada na semana passada dentro da Comissão de Turismo e Desporto. Tradicional crítico do governo Lula, o vice-presidente da subcomissão já existente no Senado, senador Leonel Pavan (PSDB-SC), surpreende no discurso, apontando avanços na área em relação ao governo Fernando Henrique Cardoso, mas acusa a equipe econômica de trabalhar contra o setor. “O governo tem sido um zero à esquerda na liberação de recursos públicos até agora”, critica o ex-prefeito de Balneário Camboriú (SC), um dos principais destinos turísticos do país. O presidente da Comissão de Turismo e Desporto, deputado José Militão (PTB-MG), diz que, apesar dos avanços obtidos pelo Ministério do Turismo, o setor se ressente da falta de uma ação interministerial de incentivo. Além das condições das estradas e do saneamento básico, outra preocupação atinge o turismo: a redução do número de cidades servidas de transporte aéreo. O país, que já teve 542 municípios abastecidos por esse tipo de serviço, tem hoje apenas 125 cidades atendidas por aviões. “O governo tem de ser o principal agente, cuidando para que o turista encontre estradas em boas condições, água tratada, esgoto e aeroportos confortáveis. Se o governo não resolver essas questões, não adianta esperar pela iniciativa privada”, observou o deputado Militão. |
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