A sabedoria mineira sempre indicou que “paciência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém”. A ansiedade e a pressa não são boas conselheiras. Digo isso a propósito das intensas especulações sobre a sucessão presidencial, alimentadas a cada pesquisa de opinião divulgada. É verdade que faltam apenas 10 meses paras as eleições. Mas há tanta coisa para acontecer que parece equivaler a um século.
O Brasil deverá reencontrar seu destino e futuro, após um longo período de divórcio entre sociedade e representação política, resultante da profunda crise ética, econômica, social e política. Só as urnas poderão devolver ao governo a força, a credibilidade, a confiança e o ambiente imprescindíveis para a modernização da economia, o ajuste das contas públicas, a retomada do crescimento e a geração de renda, emprego e bem estar. Mas há um longo caminho a nos separar das eleições de outubro, cheio de acidentes e nebulosidade.
É impossível saber qual será o estado de espírito da população na hora do voto. Hoje uma parte da sociedade mergulha de cabeça num mar de intolerância, radicalismos, intransigências, xingamentos recíprocos. Outra parte é abraçada por um sentimento de desânimo e desesperança, vocalizando ideias do tipo “todos são iguais”, “não acredito mais em políticos e na política”, “não vou votar em ninguém”.
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Na democracia, o futuro é produto das escolhas coletivas, soma do posicionamento de cada um. E virar as costas para isso e renunciar ao direito de escolha é também um posicionamento político que gera consequências. Se você não quiser participar da decisão, alguém vai decidir por você. Você pode não querer mexer com política, mas inevitavelmente a política irá mexer com a sua vida.
Será que o atual clima político vai carregar a maioria dos brasileiros para o voto branco, nulo e para a abstenção? Será que surgirá um outsider como Luciano Huck? Ou a escolha se dará em torno de lideranças experimentadas e testadas? Difícil antever.
Hoje o quadro esboça uma decisão entre duas perspectivas radicalizadas encarnadas na candidatura de Bolsonaro de um lado e em Lula, Ciro Gomes e o PT, de outro. Mas o centro político democrático começa a se organizar e discutir a construção de uma candidatura calçada na experiência, no equilíbrio e no compromisso reformista. Surgem os nomes do governador Geraldo Alckmin, do ministro Henrique Meireles e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Mas o cenário ainda é imprevisível. As eleições de 2018 se assemelham até agora a uma verdadeira loteria. E muitos fatos determinantes podem alterar as tendências: julgamento de Lula, decisão do TSE sobre o uso do fundo partidário, prévias do PSDB, mudanças partidárias e filiações até abril, recuperação ou não da economia, alianças partidárias, condenações da Lava Jato.
Portanto, “devagar com o andor que o santo é de barro”. Quem disser que sabe exatamente o que ocorrerá em outubro é mentiroso ou desinformado.
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