Um em cada quatro parlamentares de partidos da base de sustentação do governo está disposto a trocar o seu gabinete em Brasília pela cadeira de prefeito a partir de janeiro do próximo ano. O ímpeto dos congressistas aliados pelo comando de uma prefeitura contrasta com o recato da oposição. Um em cada oito oposicionistas pretende apresentar o seu nome nas convenções eleitorais até o próximo dia 30, quando termina o processo de escolha das candidaturas.
Pelo menos 111 deputados federais e cinco senadores são pré-candidatos à sucessão em 67 municípios. Desses 116 nomes, apenas 19 são filiados a partidos que fazem oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva: PFL, PSDB, PDT e PRONA. Dos 15 partidos com assento no Congresso, apenas o PSC e o PSL não buscaram em Brasília pré-candidatos.
Para o governo, o grande número de aliados que pretendem disputar as eleições pode representar um risco, no segundo semestre, nas votações do Congresso.
Além do esvaziamento de sua base parlamentar até outubro, o amplo leque de alianças do Palácio do Planalto terá de conviver com a colcha de retalhos que será costurada pelos diretórios regionais dos partidos. A ordem entre os governistas é evitar a nacionalização do debate político e restringir as discussões ao plano local.
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O PT e PTB são os partidos que mais depositam esperança na candidatura de congressistas para tentar ampliar suas representações nos municípios. Cada um deve buscar 20 parlamentares em Brasília para a corrida eleitoral.
A disposição dos parlamentares petistas é diretamente proporcional à ambição da cúpula partidária, que pretende multiplicar por quatro o número de prefeituras sob o comando do partido. Os petistas sonham com o comando de quase duas mil cidades, onde seus candidatos serão cabeça de chapa.
Hoje o PT administra 201 municípios, que representam 20% da população brasileira. Além de manter seis capitais, com especial atenção para a paulista, os petistas querem consolidar o partido nas pequenas e médias cidades, numa tentativa de se aproximar da marca exibida pelo PMDB, que controla 1.226 prefeituras em todo o país. Em 2002, metade dos 1.316 candidatos petistas não alcançou sequer 10% dos votos válidos.
Naquele ano, com o apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso, os tucanos conseguiram eleger 1.100 prefeitos. Agora, na oposição, o PSDB pretende lançar nome próprio em mais de três mil municípios. Desse total, apenas sete devem sair da bancada do Congresso.
O partido tem uma missão clara para este ano: tomar do PT a prefeitura de São Paulo. Entre os tucanos, a sensação é de que o que vier a mais será lucro.
Outra legenda que deve aproveitar poucos congressistas nas eleições de outubro é o PFL. Até quarta-feira (09/06), além do senador César Borges (BA), apenas seis deputados federais figuravam na lista de pré-candidatos à sucessão municipal. Com a aliança firmada esta semana com os tucanos na capital paulista, a vitória do senador baiano passa a ser questão de honra para o partido, que já comanda a cidade com Antonio Imbassahy.
Com menos opções nos estados e bancadas reduzidas no Congresso, PCdoB e PSB são os partidos que, proporcionalmente, mais lançam mão de quadros com assento em Brasília. Dos 23 socialistas, dez (43% da bancada) são pré-candidatos. Entre os nove comunistas, quatro ambicionam o posto de prefeito (44%).
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