O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), deve chamar nos próximos dias o líder do partido na Câmara, deputado José Aníbal (SP), e, provavelmente, o ex-ministro da Educação e deputado Paulo Renato (SP) para uma conversa a três. Segundo a assessoria de imprensa do presidente tucano, Sérgio Guerra está determinado em sanar os desconfortos causados pelo racha do partido na Casa, mas ainda não definiu quando será o encontro.
Na última quarta-feira (4), um grupo de 19 deputados tucanos decidiu criar o chamado Movimento Unidade, Democracia e Ética, em protesto à recondução de José Aníbal ao cargo de líder. Os dissidentes afirmam que a reeleição do parlamentar paulista foi “ilegítima”, sinalizando um “ato típico de regimes autoritários”. Contrários à recondução – que foi apoiada por 36 dos 58 deputados da bancada –, os 19 parlamentares pretendem seguir o ano legislativo fora das orientações do líder tucano.
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“Encaminhamos um recurso para a comissão executiva do partido para avaliar a extensão e os desdobramentos desse episódio dentro do PSDB. Esse episódio ainda terá muitos desdobramentos e não tem como saber as dimensões agora”, disse ao Congresso em Foco o deputado Gustavo Fruet (PR), um dos integrantes do movimento. “O que me surpreende é a maioria silenciosa acompanhar [o líder Aníbal]”, criticou.
Entre as avaliações esperadas está o reflexo que o racha deve provocar na candidatura tucana na sucessão presidencial em 2010. Ciente que a dissidência já afetou os possíveis candidatos do partido – o governador de São Paulo, José Serra, e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves –, Fruet tenta amenizar os efeitos. “Independente dessa posição do PSDB, acho difícil uma ação dentro do Congresso atrapalhar um candidato [à Presidência da República]. Mas se isso não for bem administrado, a divisão sai da Câmara”, disse.
Crise tucana
Preocupados com as dimensões dessa crise interna do PSDB, aliados do líder Aníbal já começaram a se mobilizar. Na tarde de ontem, no Congresso, parlamentares tiveram conversas reservadas para tentar dissolver o conflito. Segundo o vice-líder tucano Duarte Nogueira (SP), os aliados vão “procurar o entendimento”.
“Essa cisão não ajuda em nada no processo. Vamos trabalhar na direção de procurar um entendimento. Vamos esperar baixar o calor do momento para buscar isso”, disse ao site. “O protesto tem que ser respeitado, mas deveríamos buscar fazer isso internamente na bancada. Sem expor o partido”, criticou Duarte.
Para o vice-líder, o racha interno pode trazer reais conseqüências nas eleições de 2010. “Acho que toda vez que não é possível encontrar um consenso e uma unidade, há que se partir para a decisão da maioria. Quando isso acontece, divide a bancada e essa divisão nunca é boa. Nós já somos oposição. Temos perspectivas para assumir o governo em 2010, mas essa divisão não vai ajudar em nada”, pontuou.
O deputado Mendes Thame (SP), que também aderiu ao protesto à liderança de Aníbal, disse que a intenção é fortalecer o movimento. “Lamentamos o desfecho. É algo que a gente gostaria de ter evitado, mas infelizmente a questão entrou em um campo que não se poderia aceitar. O poder de uma minoria que se sentiu lesada nesse ato arbitrário é pequeno, pois a liderança tem a condução da bancada. Mas vamos seguir a movimentação do próprio momento”, afirmou Thame.
Os dissidentes tucanos têm reunião marcada para a próxima terça-feira (10) para estruturar as diretrizes do movimento. Segundo Fruet, no encontro os parlamentares começarão a definir, inclusive, o posicionamento do grupo em relação a determinados projetos, como as reformas política e tributária. (Renata Camargo)
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