Rudolfo Lago
Na tarde de sexta-feira, quando já estourara a Operação Caixa de Pandora, surgiram informações de que o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz estava comemorando o episódio. Logo depois que Arruda tomou posse do governo, ele e Roriz romperam, e Arruda acabou por tomar de seu antecessor boa parte de seus aliados, um processo que acabou culminando com a própria saída de Roriz do PMDB, seu antigo partido. O inquérito 650-DF de fato compromete, e muito, Arruda. Mas não livra totalmente também Roriz de constrangimentos.
Confira a íntegra do inquérito que investiga Arruda
Em seu primeiro depoimento ao Núcleo de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público Polícia Federal, no dia 16 de setembro de 2009, o ex-secretário de Relações Institucionais do governo do Distrito Federal Durval Barbosa Rodrigues detalha que o esquema de desvios de recursos públicos comandado, segundo ele, por Arruda, começou a ser montado em 2002. Na ocasião, Durval presidia a Companhia de Desenvolvimento do Planalto (Codeplan), e o governador era Roriz, recém empossado.
Arruda, então, procurou Durval para lhe propor a montagem do esquema para apoiar financeiramente a sua campanha a governador em 2006. Durval respondeu que a resposta à proposta de Arruda “dependia de autorização superior”. Segundo Durval, dias depois ele foi procurado pelo secretário de Comunicação de Roriz, Welligton Moraes, que lhe repetiu o pleito de apoio a Arruda. Welligton disse a Durval, segundo ele relata, que o apoio a Arruda se justificava, porque ele era “o melhor nome com possibilidade de vencer as eleições”. Durval voltou a repetir que precisava de “uma sinalização superior”.
Uma semana depois, o próprio Arruda procurou novamente Durval na Codeplan. Disse que Roriz autorizara a operação. E, para convencer definitivamente Durval, Arruda telefonou para Roriz. Nessa conversa, Roriz deu, diz Durval, o sinal verde. “O declarante entendeu que estaria autorizado a aderir ao pleito de Arruda”, diz a transcrição do depoimento.
Dentro do governo de Roriz, diz Durval, Arruda passou a ter, então, seus “nichos” de negócios. Esses “nichos” incluiriam a Companhia de Eletricidade de Brasília, o Instituto Candango de Solidariedade, o Metrô, o Banco Regional de Brasília e a Codeplan. “Além desses órgãos, o declarante afirma que Arruda tinha ramificações em todas as unidades do governo com a finalidade de angariar apoio e dinheiro para sua campanha”.
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