Os integrantes da CPI Mista do Banestado querem ouvir o depoimento do juiz João Carlos da Rocha Mattos, preso em São Paulo acusado de comandar um esquema de venda de sentenças judiciais. O presidente da comissão, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), disse que o depoimento prestado pelo magistrado na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, no último dia 30, revela que o juiz tinha intimidade com as autoridades que acusa e reforça a tese de que ele pode ser peça-chave nas investigações da CPI.
Paes de Barros leu a íntegra da versão prestada pelo magistrado a três delegados da Polícia Federal e duas procuradoras da República, divulgada com exclusividade pelo Congresso em Foco. “Esse depoimento torna obrigatória a convocação do juiz Rocha Mattos pela CPI do Banestado”, disse o presidente da comissão.
Os parlamentares têm interesse no destino das gordas movimentações financeiras supostamente existentes no exterior em nome dos suspeitos de envolvimento com a venda de sentenças judiciais em São Paulo.
Os membros da CPI acham que Rocha Mattos, colecionador de dossiês durante o período em que foi titular da 4a Vara da Justiça Federal em São Paulo, é uma espécie de arquivo ambulante, em cujas pastas estariam guardadas preciosas informações que poderiam ajudar o Congresso a ampliar a chamada Operação Anaconda.
No depoimento que prestou no dia 30, Rocha Mattos faz referência ao ex-controlador da Transbrasil, Antônio Celso Cipriani. Ele é investigado pela CPI devido a remessas de US$ 25 milhões feitas pela empresa ao exterior, por meio de contas CC-5.
Rocha Mattos disse que teria recebido pedido do senador Romeu Tuma (PFL-SP) e do delegado federal Marco Antônio Veronezzi para absolver Cipriani, ex-agente da Polícia Federal, em um processo pelo não-recolhimento de contribuições previdenciárias. Procurados pelo Congresso em Foco, tanto o senador quanto o delegado preferiram não se manifestar sobre o assunto.
Nos bastidores da CPI, há uma discreta movimentação para fazer chegar aos ouvidos do juiz uma alternativa de negociação. Se disser o que os deputados e senadores acham que ele sabe, Rocha Mattos poderia contar com os mesmos benefícios que normalmente o judiciário oferece aos arrependidos – e que tem funcionado como importante instrumento nas investigações judiciais.
A estratégia da comissão, no entanto, depende do aval do Judiciário. “Acho que o juiz Rocha Mattos só tem uma salvação: falar tudo o que sabe à CPI. Isso poderia melhorar bem a situação dele”, afirmou Paes de Barros.
Requerimento pedindo a convocação do juiz foi feito no ano passado pelo senador Magno Malta (PL-ES), que sugeriu a oitiva de todos os supostos envolvidos na chamada Operação Anaconda.
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