Rodolfo Torres
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprovou, por 12 votos a cinco, a inclusão da Venezuela no bloco econômico. A decisão precisa ser referendada pelo Plenário, o que deve ocorrer na próxima quarta-feira (4).
Os senadores rejeitaram, inicialmente, o relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), contrário à entrada da Venezuela no Mercosul, por 11 votos a seis, e uma abstenção. Na sequência, aprovaram o voto em separado proposto pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), a favor da adesão do país vizinho ao bloco composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Líder do governo e autor do voto em separado aprovado na comissão, Romero Jucá disse que o Mercosul “está recebendo o Estado venezuelano, e não o governo Chávez”. Ontem, o peemedebista já anunciava que a comissão aprovaria a entrada de Venezuela no Mercosul.
Segundo Jucá, a Venezuela importa 70% do que consome e existe uma “vasta avenida comercial” que beneficiará principalmente a região Norte do Brasil. Roraima e Amazonas fazem fronteira com o país vizinho.
Para ele, isolar a Venezuela não vai colaborar para o aperfeiçoamento dos mecanismos de controle democrático naquele país. Questionado se considerava Hugo Chávez um democrata, Jucá foi categórico: “Ele disputou 12 eleições e venceu 11”.
A entrada da Venezuela no Mercosul enfrentava resistência, além da oposição, do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). “O atual governo da Venezuela tem tomado algumas providências que são de desmoronamento da democracia e contra os princípios democráticos”, declarou Sarney (leia mais).
Oposição protesta
“Se a votação fosse secreta no plenário, ganharíamos”, protestou Jereissati, autor do relatório derrotado. Na avaliação dele, a entrada da Venezuela significa o “início do fim do Mercosul”. Para o tucano, o presidente venezuelano é um “desagregador”. Ele lembrou que Chávez expulsou o embaixador de Israel, Estado com o qual o Mercosul mantém acordo comercial, em represália às ofensivas israelenses na Faixa de Gaza no início do ano.
Os oposicionistas alegaram que o presidente da Venezuela fechou veículos de comunicação contrários a seu governo e o acusaram de tentar se manter indefinidamente no poder. “Estamos antecipando a Missa de Sétimo Dia do Mercosul”, afirmou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), diplomata por formação.
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