A pandemia do coronavírus jogou o mundo inteiro numa dramática situação de trade-off. Não há expressão melhor para traduzir o cataclismo inédito que governantes políticos, líderes executivos e milhares de pessoas de 190 países afetados enfrentam hoje.
O termo inglês define uma situação em que há um (grave) conflito de escolha. Na descrição do mestre Houaiss, ele se caracteriza em uma ação econômica que visa à resolução de um problema mas acarreta outro, obrigando a uma escolha.
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Este é o dilema da crise da covid-19, que consome os mais poderosos líderes políticos do planeta, os mais icônicos CEOs de big techs e grandes (e pequenas) empresas de quase todas as áreas de negócios. E apavora as pessoas, seja qual for o seu idioma, raça, credo e ideologia.
Não há precedentes na catástrofe desta pandemia, na qual o inimigo é desconhecido e invisível. Não existem metáforas bíblicas ou bélicas que expliquem esta sinopse de filme de terror em que nos tornamos, de forma abrupta e involuntária, reféns. Não há âncora nem bússolas, não há receita nem manuais.
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Ouvidos pelo jornal britânico Financial Times, CEOs de grandes corporações enviaram mensagens humanistas e exemplos de boa gestão. Transparência, compaixão e estar perto de clientes e funcionários é a receita de Julie Sweet, da Accenture.
Do CEO da Novartis, Vas Narasimhan, o conselho é no sentido de que primeiro é preciso saber liderar a si mesmo para depois poder conduzir bem a empresa na crise.
Grant Reid, da Mars, diz que em momentos como o atual ele confia em cinco princípios: qualidade, responsabilidade, eficiência, mutualidade e liberdade.
O International Institute for Management Development (IMD), referência em escola de negócios em Lausanne, Suíça, já tem uma série sobre a crise, curso que ensina “como não ser refém da covid-19”. É ministrado pelo psicólogo George Kohlriese, professor de liderança e comportamento organizacional do IMD e com experiência como negociador de reféns. Ele encoraja os alunos, gestores e líderes empresariais de destaque, a focar no presente e entender as percepções. A exercitar o que ele chama de “olho da mente”.
Antecipar cenários, prever como (e quais) serão as mudanças comportamentais das pessoas no pós-crise torna-se ativo de alto valor para marcas e consultorias de comunicação. Curadoria de conteúdo também, para orientar onde se deve buscar informação confiável, ganhar conhecimento e insigths preciosos em tempos de desinformação.
A segunda edição de estudo da Ipsos para entender a crise do coronavírus traz pontuações sobre impactos da pandemia na opinião pública, na reputação de marcas e organizações, na economia, nas conversas nas redes, pesquisas médicas e panorama nos países mais afetados.
Alguns keynotes para prestar atenção:
- Reputação corporativa
Marcas e corporações devem se perguntar “o que estão fazendo que pode ser visto como insuficiente para mitigar ou prevenir a disseminação do vírus”. E também se “estão fazendo algo que poderia ser prejudicial à saúde pública e à segurança”.
- Inovar em tempos desafiadores
Pesquisas em períodos de crise permitem que empresas consigam prever melhor o que vem por aí. Durante a pandemia, atitudes e comportamentos de consumidores passarão por grandes mudanças, e algumas dessas novas ideias se tornarão permanentes.
- Conversas nas redes sociais
Com a pandemia, as redes sociais crescem em importância como canais de conexão entre famílias, amigos e colegas, como fonte de notícia e de entretenimento. Mas surgem também mais fake news, o que levou a OMS a lutar contra “infodemic”, abundância de falsas informações e rumores sobre o vírus.
- Coronavírus e opinião pública
Pesquisa realizada em 14 países revela um público dividido sobre se isolamento e lockdown previnem a disseminação do vírus. No Brasil, 56% disseram acreditar que o distanciamento social não vai funcionar. Ainda não é possível prever o desfecho deste inédito apocalipse que obriga governantes e altos executivos em várias partes do mundo a tomar decisões sem as ferramentas e informações para embasar medidas. É maligna a ironia desta pandemia, capaz de forçar big bosses da sociedade da informação de dados a transitar cegamente no desconhecido novo mundo viral.
Quaisquer que sejam as proposições, medidas e ajustes adotados eles terão que estar alinhados à boas práticas de comunicação eficiente. Neste momento, a boa governança de comunicação ajuda a salvar reputações e, principalmente, milhares de vidas.
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