“Ele me assusta. O Brasil é um grande país e merecia alguém melhor”. Há dois anos, a estreia de Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial de Davos suscitou essa análise do norte-americano Robert Schiller, laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 2013.
Na ocasião, o recém-empossado presidente da República deixou perplexos os participantes do Fórum — reunião de dirigentes de países, grandes investidores e analistas econômicos — com um desenxabido discurso de seis minutos e 38 segundos, no qual celebrava a erradicação da “esquerda bolivariana” na América Latina e convidava o mundo a “descobrir o Brasil, suas praias e sua Floresta Amazônica.”
Malhada impiedosamente pela imprensa internacional, a participação de Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial de 2019 desagradou até o mercado financeiro: a Bolsa caiu e as cotações do dólar e do euro frente ao real galgaram alguns degraus.
Parecia o fundo do poço, mas era só o começo de uma sofrida trajetória que traria a imagem brasileira no exterior aos farrapos de agora e que converteria a vida dentro de nossas fronteiras no inferno que já nos cobra 220 mil mortes como consequência da ignorância, da rejeição à ciência e da absoluta falta de empatia.
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Desde sua posse, Bolsonaro se esforça para estar associado ao que há de pior na política mundial. Ataca robustos parceiros comerciais, como a Argentina, a China e os Países Árabes em nome da ideologia, aplaude as queimadas na Amazônia, calcinando a imagem do agronegócio brasileiro, e já comprou briga até com o Papa Francisco.
Essa cruzada de destruição, inspirada pelo afã de agradar o capital predatório e a orientação linha dura assumida pelos Estados Unidos sob a administração de Donald Trump, está cada dia mais órfã. Basta lembrar a risada do presidente norte-americano Joe Biden como resposta à pergunta sobre “quando vai conversar com Bolsonaro”.
Nada, porém, é mais devastador do que o esforço do governo em converter o Brasil em ícone planetário do negacionismo assassino frente à pandemia, um pária entre as nações.
Na última quinta-feira (28), o think thank australiano Lowy Institute divulgou o resultado de um estudo que coloca o desempenho do Brasil no combate à pandemia de covid-19 como o pior do planeta.
A verdade é que nenhum líder estrangeiro quer estar nem de perto associado a Bolsonaro. Nem mesmo os setores que ele tanto corteja com suas políticas entreguistas—políticas, que, aliás, estão cada vez mais na contramão de um mundo confrontado com um paradeiro econômico sem precedentes.
Não é de agora que o Estado mínimo de Reagan e de Thatcher está morrendo de esclerose. O aumento da riqueza de uma parcela ínfima da população ao custo de uma extraordinária desigualdade social já mostrava sua inviabilidade antes da pandemia. Só Trump negava isso. A ortodoxia obtusa de Bolsonaro e Paulo Guedes ganha cada vez mais a patética imagem de um sabujo que já não tem um dono para lamber as mãos.
Despencando nesse poço sem fundo, fomos deixando pelo caminho não apenas as conquistas da política externa autônoma e altiva e os investimentos sociais conhecidos durante os governos do PT. Desmantelamos conquistas civilizatórias muito mais antigas — como a legislação trabalhista e previdenciária — e o prestígio que acompanhava a diplomacia brasileira desde os tempos de Rio Branco.
Deixamos pelo caminho nossa participação ativa nos BRICS — aliança que reúne o Brasil com a Rússia, Índia, China e África do Sul, curiosamente quatro potências no setor de vacinas —, viramos as costas ao Mercosul e à Unasul e abandonamos protagonismo, mercados e respeito internacional.
A lição mais recente dos erros cometidos vem dos Estados Unidos, com o anúncio de criação, pela administração Biden, de um novo banco de desenvolvimento. No Brasil, o BNDES foi descapitalizado pra morrer de inanição. Alheio a toda crítica técnica, o banco vendeu participações acionárias no ano passado que se valorizaram 100% em poucos meses. Uma verdadeira transferência de renda de R$ 12,2 bilhões a investidores privados.
Imagine o que o Brasil, via BNDES, poderia estar fazendo com esse dinheiro para minorar os efeitos econômicos desta pandemia.
No plano sanitário, econômico e diplomático, o Brasil já deu muitas lições ao mundo. Em dois anos tenebrosos, Bolsonaro destruiu esse patrimônio e nos deixou isolados. Passou da hora de romper esse muro.
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A conduta nojenta do Capitão Encrenca é perfeitamente coerente com o q ele sempre foi. E não se poderia esperar melhor de um sujeito q foi reformado disciplinarmente no glorioso Exército Brasileiro, o q equivale a uma exclusão disciplinar com uma denominação mais “chique”.
Ora, se o Exército não o quis em suas fileiras, inservível até para bucha de canhão, como um homem desses pôde chegar às Presidência da República? A explicação só pode ser a seguinte: 1) precisávamos passar por mais essa provação, a fim de evoluímos politicamente, e 2) precisávamos banir o pernicioso PT do Palácio do Planalto. E conseguimos essas duas façanhas, mesmo com o sacrifício de sermos obrigados a tolerar o Capitão Cloroquina com sua incapacidade monumental. Aparentemente menos pior.
Bolsonaro é um vergonhoso trambolho. Convenhamos, porém: nos livramos do PT, muito embora, paradoxalmente, essa ORCRIM se tornou aliada do Cloroquina para eleger um preferido de Bolso no Legislativo.
Não, não, de jeito nenhum isso é real!
Socorro! Estou dormindo e tendo um pesadelo.