O país patina na recessão há três anos. Os níveis alarmantes e de desemprego é a face mais cruel do Brasil de nossos dias. A retomada do crescimento é o desafio número um. Para tanto é preciso o retorno dos investimentos, a melhoria do ambiente institucional, a reconstrução da confiança nos fundamentos da economia brasileira e a queda das taxas de juros.
No plano subjetivo da recuperação da credibilidade da política econômica e melhoria do clima para a retomada, há muitas notícias boas. O teto para a expansão do gasto público, as mudanças em empresas como Petrobras e BNDES, a discussão das reformas estruturantes, o combate à corrupção pelas instituições republicanas, a transparência na contabilidade pública começam a oxigenar o ambiente.
Mas, nos vetores objetivos em relação aos investimentos e aos juros, tudo depende do reequilíbrio fiscal do setor público. O Brasil tem registrado, nos últimos dois anos, deficits nominais (soma de todas as receitas subtraídas de todas as despesas financeiras e operacionais) de perigosos 10% do PIB (tudo que o país produz em um ano). Mais do que os países europeus antes de a crise recente estourar. Ou seja, a cada ano o governo tem que buscar se financiar no mercado. Qualquer trabalhador ou família sabe que isso é insustentável. Gastando indefinidamente mais do que se tem, a dívida cresce como bola de neve, os juros ficam cada vez maiores e os prazos cada vez mais curtos. Por outro lado, o nível de investimento é pífio.
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A situação nos casos mais graves é uma combinação dos efeitos da recessão, com má gestão fiscal e queda recente dos produtos primários. Além da corrupção, é claro. Alguns estados fizeram o dever de casa e estão mais equilibrados. Mas outros, como o Rio, estão à beira de um colapso.
Em função disso, há três semanas, tentamos votar o Projeto de Lei Complementar 343/2017, que institui o Regime de Recuperação Fiscal dos Estados, e possibilita um alívio por três anos no pagamento das dívidas consolidadas, em 1997, com o governo federal, em troca de um programa de ajuste fiscal. O saldo devedor de Minas Gerais, por exemplo, é de mais de R$ 80 bilhões. A atuação da bancada de oposição e de representação corporativa somada ao desinteresse das bancadas de estados não imediatamente beneficiados têm inviabilizado a aprovação.
Mas, se não produzirmos essa a decisão, viveremos no Rio, em Minas e no Rio Grande do Sul consequências gravíssimas com o comprometimento radical de serviços públicos essenciais, processo que já se encontra em marcha.
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