De acordo com a última rodada do Datafolha divulgada na quinta-feira (22), o ex-governador Márcio França, do PSB, lidera com folga a corrida para a vaga de senador em São Paulo. Márcio França tem 31% das intenções de voto. Seu principal adversário, o astronauta ex-ministro da Ciência e Tecnologia Marcos Pontes, do PL, tem 19%.
Se tudo der certo como as pesquisas apontam para Márcio França, suas costuras desde o ano passado vão merecer um bom verbete nos manuais de política. Foi ele o pai da ideia da aproximação do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, com o ex-governador Geraldo Alckmin. Foi França quem fez essa aproximação, tirou Alckmin do PSDB e filiou-o ao PSB, para que ele se tornasse o garantidor do viés mais de centro, mais conservador, a pavimentar o caminho de Lula de volta à Presidência, como as pesquisas estão indicando.
Veja aqui o comentário em vídeo:
Depois de apadrinhar o encontro de Lula com Alckmin, Márcio França ainda fez boa costura eleitoral. Desde o início, reivindicou que a candidatura ao governo de São Paulo na escolha entre ele e Fernando Haddad deveria ser referendada por pesquisas, embora o PT sempre tenha resistido a isso. Mas quando as pesquisas apontaram a preferência do eleitor por Haddad, recolheu-se sem fazer confusão. E trabalhou sua candidatura ao Senado com o apoio do PT, o que, a julgar pelas pesquisas, irá dar muito certo.
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Se eleito senador, com Alckmin na vice-presidência, farão os dois a dobradinha para as costuras mais ao centro que Lula precisará fazer no governo. E França passa a ter boa chance de assumir de fato um posto privilegiado no comando do PSB, talvez como o principal líder do partido.
A provável vitória de Marília Arraes, do Solidariedade, em Pernambuco, desmonta o que era até então o principal núcleo de poder, com uma aproximação com o PT que se esgarçou pelos problemas familiares dos herdeiros de Miguel Arraes e de Eduardo Campos. Paulo Câmara sai do governo. Fica ali o posto de João Henrique Campos, como prefeito de Recife. É provável que Câmara assuma alguma secretaria na prefeitura. O irmão de João Henrique, Pedro Campos, deve se eleger deputado federal. Mas o núcleo ali ficará diminuído. Danilo Cabral, o candidato do PSB ao governo, aparece apenas em terceiro lugar, com 11%, segundo o Ipec, empatado com Raquel Lyra (PSDB), Miguel Coelho (União Brasil) e Anderson Ferreira (PL).
No Rio de Janeiro, a confusão em torno da candidatura ao Senado de Alessandro Molon deixará sequelas. Molon insistiu na sua candidatura, talvez até com razão, já que o candidato do PT, André Ceciliano, tem metade das suas intenções de voto. Mas, se Ceciliano tem 6%, de acordo com o Datafolha, Molon tem 12%. E Romário, do PL, corre tranquilo na frente com 31%. No PSB, há quem avalie que o resultado final dessa encrenca pode mesmo vir a ser a saída de Molon do partido.
Poderia haver ali no Rio algum eixo importante caso Marcelo Freixo consiga reverter a desvantagem sobre Cláudio Castro, do PL, na corrida para o governo. Mas, segundo o Datafolha, Castro subiu cinco pontos, de 31% para 36%, e Freixo caiu um, de 27% para 26%. Provavelmente, haverá segundo turno. Não é impossível que Freixo numa segunda volta se beneficie de um clima favorável caso Lula vença a eleição no primeiro turno ou desponte como franco-favorito no segundo.
No Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque desistiu da candidatura ao governo em agosto. Renato Casagrande tem grande chance de se reeleger governador no Espírito Santo ainda no primeiro turno. Será também uma referência, embora inicialmente fosse contra o apoio do PSB a Lula.
Assim, o que se comenta nos corredores do PSB é que se deve observar a forma como Márcio França provavelmente chegará ao Senado para, nessa dobradinha com Alckmin no Palácio do Jaburu, vir a ser o grande operador do partido auxiliar do PT no eventual próximo governo. Aposta-se forte nele por ali.
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