A Braskem admitiu pela primeira vez que é a responsável pelos afundamentos de bairros em Maceió, o que não havia feito desde os primeiros relatórios sobre o caso. Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem nesta quarta-feira (10), porém, o vice-presidente da empresa, Marcelo Arantes de Carvalho, afirmou que “já ficou claro” que a companhia tem responsabilidade.
Ao ser questionado pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), sobre a responsabilidade da Braskem no afundamento do solo de Maceió, Arantes respondeu: “A Braskem tem a sua culpa nesse processo e nós assumimos a responsabilidade por isso”.
Em outro momento, o vice-presidente da Braskem reafirmou a responsabilidade da empresa nos afundamentos da capital de Alagoas e disse que a empresa busca fazer a reparação da população:
“Primeiramente, a Braskem tem, sim, a contribuição e é responsável pelo evento acontecido em Maceió. Isso já ficou claro. Não é à toa que todos os esforços da companhia têm sido colocados para reparar, mitigar e compensar todo o dano causado à subsidência na região”, disse Arantes.
Ainda segundo o vice-presidente da Braskem, a empresa tem feito um esforço de “prestação de contas” em Maceió desde 2019. Indicou ainda que a “indústria petroquímica tem riscos operacionais”.
A CPI da Braskem terá como foco, entre outros pontos, o rompimento da mina 18 da Braskem, em Maceió, em dezembro. Segundo a Defesa Civil da capital alagoana, toda a área afetada estava desocupada e o rompimento não levou a tremores de terra ou ao comprometimento de minas próximas.
O desastre na capital alagoana foi causado pela exploração de sal-gema em jazidas no subsolo, ao longo de décadas, pela Braskem. O sal-gema é um tipo de sal usado na indústria química.
Segundo Arantes, a Braskem não irá tentar retomar essa extração ou começar uma nova operação nesse sentido em outra região do Brasil. O empresário da mineradora diz que a segurança “sempre foi” uma prioridade da companhia.
“Não é a nossa intenção continuar com qualquer atividade de extração de sal em nenhuma região. Nós temos um programa, ao longo dos anos, socioambiental na companhia e, claro, quando acontecem eventos como esse, você tem uma evolução e aprendizado do que vem a acontecer”, disse o vice-presidente da empresa.
O diretor da Braskem havia entrado com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para não ir à CPI. O ministro Dias Toffoli definiu que ele teria que ir e poderia ficar em silêncio somente nas questões que poderiam incriminá-lo pessoalmente.
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