Perplexa, a sociedade brasileira acompanha, entre a indignação e o desânimo, os desdobramentos da Operação Lava Jato. Numa única semana, foram para trás das grades o senador Delcídio Amaral, líder do governo Dilma no Senado Federal; o grande pecuarista e amigo do peito do ex-presidente Lula, José Carlos Bumlai; e um dos maiores banqueiros do país, dono do BTG Pactual, André Esteves. A cada semana uma nova faceta do maior escândalo da nossa história é revelada. Inacreditável a dimensão tomada pela corrupção na era lulopetista.
Não que a corrupção seja um fenômeno novo ou uma singularidade brasileira. Mas ninguém poderia imaginar que a corrupção adquiriria no Brasil do PT a dimensão sistêmica e institucionalizada a que assistimos. Não sem motivos a última pesquisa nacional do Datafolha registrou a inédita situação em que, pela primeira vez, a corrupção é eleita o maior problema brasileiro, destronando a saúde, que reinava desde 2007. Para 34% dos brasileiros a corrupção é o pior problema, contra 16% direcionados para a saúde e 10% ao desemprego. O lado positivo é que a população enxerga e aplaude a ação ativa e firme de nosso sistema judiciário.
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A presidente Dilma e seu governo revelam total desconexão com a sociedade apenas um ano após a sua posse. Somente 10% julgam bom ou ótimo o governo Dilma, 67% o avaliam como ruim ou péssimo, segundo o Datafolha. A abertura do processo de impeachment é apoiada por 65%. A renúncia da presidente é vista com bons olhos por 62% dos brasileiros. A pesquisa GPP de outubro mostra que 64,6% das pessoas acham que o Brasil piorou nos 13 anos dos governos de Lula e Dilma. Em outra pesquisa, do Paraná Pesquisas, 86,4% afirmam que Dilma faltou com a verdade na campanha eleitoral.
A rejeição a Lula e ao PT acompanha a tendência de avaliação do governo Dilma. O crescente desgaste do ex-presidente Lula fica claro na Datafolha quando 47% dizem que não votariam nele de jeito nenhum. O PT não fica atrás, quando perguntados qual é o partido que rejeitam 40,6% citam o PT. Na do Paraná Pesquisas, quando perguntados a qual partido não se filiariam de jeito algum, o PT é escolhido por 58,60% contra 8,60% do PSDB.
A avaliação do Congresso Nacional também não difere: é ruim ou péssima para 53%. E sobre Eduardo Cunha, 81% são a favor da cassação de seu mandato.
Ainda que seja precoce, a opinião pública aponta o caminho da mudança nas simulações de uma possível futura eleição presidencial. Aécio Neves aparece com 31% das intenções de voto à frente de Lula, com 22%, e Marina, com 21%. O fundamental, no entanto, é diante de tamanha crise ética, econômica e política fazer do limão a limonada, da revolta e perplexidade o combustível da esperança. Democracia é tentativa e erro, é aprendizado coletivo permanente. Crises são dificuldades, mas também oportunidades.
Que as instituições republicanas e democráticas ressurjam revigoradas após o tsunami da Lava Jato e da profunda recessão que vivemos.
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