Edson Barbosa *
Deng Xiaoping pôs o Kissinger sentadinho num joelho, Nixon no outro e falou baixinho no ouvido dos dois, enigmático: “Agora vamos mudar o mundo, brothers”. E sorriu, matreiro.
Hoje, cerca de 47% dos papéis do Tesouro norte-americano e quase 70% da indústria estadunidense estão em território sob domínio chinês, que já lidera a tecnologia mais avançada do mundo, entre outros gigantescos atributos.
Na capacidade militar, a China (com um terço do orçamento norte-americano), somada à Rússia, já tem a liderança. Carne humana e mentes, pra qualquer embate, então, ninguém tem tanto quanto eles.
O Trump era o otário que faltava, um poodle comprado pelo Putin, no colo do chinês da hora. Enfim, temos um outro mundo para desbravar.
A mensagem que estou modestamente a decodificar é a resenha de um jogo que já foi jogado e o tio Sam está na UTI, agora, em New York.
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O declínio do império norte-americano, no lado Darth Vader da força, é um movimento natural da história; o que vem pela frente, um mistério a ser desvendado.
O comboio China/Rússia lidera o Irã, a Turquia, a Coreia do Norte, a Indochina, boa parte do norte da África, balcãs, quase toda a Eurásia. E mais Venezuela, Bolívia, petróleo, gás e lítio à vontade.
O campo de força norte-americano, majoritário nos oceanos, navega com Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, Inglaterra, Israel, Chile, Peru, Colômbia, sauditas em parte.
Apenas um jogo lúdico, aqui no meu tabuleiro, tal Jedi tupiniquim. Já pensou Brasil, Argentina, Uruguai, México, Canadá, Austrália, África do Sul, Índia, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia, os ibero-latinos, França incluída, comandando a prioridade cultural, geopolítica, socioeconômica?
Mas para isso precisaríamos existir politicamente, levados em consideração pelo mundo. O comportamento do Brasil nos últimos seis anos tem sido, no mínimo, “détraqué” (isto é, fora de sintonia).
Pra garantir os termos de paz, temos Cuba, Panamá, Holanda, Bélgica, República Tcheca, Suíça, Nepal, santuários eco-sustentáveis. Aí estarão baseados os tribunais superiores do novo mundo.
A Polônia de sempre, uma ponte pra quem chegar primeiro.
A África profunda, o mistério mais insondável.
Ficção ou realidade, esse é um mapa factível do meu joguinho de War, paninho e álcool hidrolisado na mão, ganhando o mundo, agora.
Não vejo outro caminho, senão uma nova aliança cultural, de inteligência, tecnologia aplicada, nutrição, humanismo, uma onda diferente, com união de força política, capacidade de produção em todos os estratos da sociedade mundial.
E alguma força de dissuasão.
“Li na contracapa do cardápio de um restaurante patagônico sobre o lendário cacique tehuelche Casimiro Biguá. Passou à história como um grande estrategista que, ao longo de décadas, manejou a rivalidade entre argentinos e chilenos a favor do seu povo. Aliou-se ora a uns, ora a outros, extraindo concessões de ambos os lados. Eis aí.”, feat. meu professor das coisas da razão, jornalista Paulo Alves.
* Edson Barbosa é jornalista e analista virtual.
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