Nesta quarta-feira (6), Nikki Haley suspendeu – não encerrou -, suspendeu, sua campanha nas primárias do Partido Republicano. A pré-candidata foi cirúrgica na escolha das palavras, já que Donald Trump tem nada menos do que 91 processos judiciais entre casos civis e criminais, alguns a serem finalizados ainda antes das eleições de Novembro deste ano.
Considerações a indefinições à parte; Donald Trump será o candidato republicano. Trump e Biden muito provavelmente se encontrarão novamente para disputar a Presidência americana, talvez a mais impopular da história, já que ambos têm altos índices de rejeição. Novamente, na “gerontopolítica” americana, muitos eleitores escolherão entre o “menos pior”, dois candidatos homens e brancos.
Nikki Haley, no jogo do resta um das primárias republicanas, se mostrou a candidata mais forte para antagonizar com Trump e conseguiu levar as primárias até a “Super Terça”, dia em que muitos Estados Americanos votam ao mesmo tempo. É a candidata feminina que foi mais longe na história do partido republicano e deixou todos os pré-candidatos para trás, inclusive o favorito, o atual Governador da Flórida, Ron De Santis. A ex-Embaixadora da ONU se colocou como alternativa ao “drama, caos e revanchismo”, em suas próprias palavras, trazidos por Trump e se destacou com uma proposta de política de maior austeridade fiscal e um olhar mais pragmática tanto para os costumes quanto no âmbito das relações internacionais, este último com posicionamento bem distante do isolacionismo-nacionalista americano proposto pela extrema-direita trumpista, reassegurando o compromisso com as organizações, tratados e aliados internacionais norte-americanos como Ucrânia, Israel e Taiwan.
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Em seu discurso de suspensão da candidatura, Haley destacou o fato de ser filha de imigrantes e de sua mãe poder ter votado nela nesta primária republicana, citou Margaret Thatcher: “Nunca apenas siga a multidão. Sempre decida por si mesma”. E ainda por cima não endossou Donald Trump. Definitivamente terminou sua pré-campanha muito maior do que começou; se projetou nacionalmente, se mostrou uma exímia arrecadadora de recursos e angariou para si um perfil do eleitorado que corre por fora do divisionismo político de hoje: republicanos que consideram Trump uma ameaça à democracia, uma boa fatia de eleitores independentes que não estão satisfeitos com Trump ou Biden e até mesmo democratas! Numa época de polarização política extrema como hoje, é preciso um bom nível de habilidade política para atrair este tipo de eleitor mais “centrista”.
Proponho aqui um olhar para o futuro: mesmo não sendo candidata nesta eleição, Haley tem quatro anos (e muito dinheiro arrecadado) para continuar sua construção política, se fortalecendo como uma alternativa viável ao extremismo da MAGA (sigla para “Faça a América grandiosa novamente”). Ela definitivamente conseguiu se projetar nesta primária como um rosto, uma possibilidade de renovação do Partido Republicano, com visões mais ao centro e mais alinhadas ao conservadorismo do “Grand Old Party”. Nikki pode ser o futuro do Partido Republicano, num cenário pós Trump.
Continuando nosso olhar para o futuro, agora, focando no partido democrata. A estratégia do partido democrata era, após a primeira eleição de Biden, que Kamala Harris fosse a candidata à Presidência pelo partido neste ano, bem, os planos não saíram como programados devido, primeiro, à baixa popularidade de Harris nas pesquisas de opinião e, segundo, por conta da força política de Donald Trump. Neste cenário, os democratas decidiram mais uma vez fechar com Biden. Na hipótese de Biden vencer as eleições deste ano, Harris teria mais tempo para se reposicionar politicamente, e, sendo jovem, estaria imune às críticas acerca da idade avançada que Biden tanto sofre e tem sido o principal fator de crítica mesmo entre sua base de eleitores democratas. Harris pode ser o futuro do Partido Democrata.
O futuro PODE ser feminino. PODE na hipótese de Joe Biden vencer as eleições este ano. Neste cenário, Kamala Harris e Nikki Haley são, sim, uma possibilidade de confronto em 2028. Jovens, mulheres, ambas filhas de imigrantes. Já na hipótese de Donald Trump levar a Presidência este ano…
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