A Polícia Federal do Pará, que prendeu o ex-senador Luiz Otávio Campos (MDB) sob suspeita de caixa dois e lavagem de dinheiro nesta quinta-feira (9), não descarta a ideia de solicitar um mandado de busca e apreensão para a casa do atual governador do estado, Helder Barbalho (MDB). É que o ex-senador preso é suspeito de ter repassado valores recebidos pela Odebrecht à campanha de Helder Barbalho em 2014. O governador, porém, nega o envolvimento no esquema descoberto pela Lava Jato.
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Segundo a Polícia Federal, executivos da Odebrecht revelaram, em acordo de colaboração premiada firmado com a Operação Lava Jato, que destinaram R$ 1,5 milhão à campanha do então candidato ao governo do Pará Helder Barbalho em 2014. O dinheiro teria sido pago em três parcelas de R$ 500 mil entregues ao ex-senador Luiz Otávio, que, segundo a PF, foi indicado pelo próprio candidato para receber os repasses da Odebrecht e teve a prisão preventiva de cinco dias decretada nesta quinta-feira.
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O ex-senador foi preso na sua residência, em Belém do Pará, no início da manhã desta quinta-feira.
A PF também cumpriu um mandado de busca e apreensão no imóvel, onde foram encontrados cerca de R$ 35 mil em espécies, além de documentos e celulares.
A Polícia Federal ainda tentou executar outro mandado de busca e apreensão na casa de Helder Barbalho. O pedido foi negado pela Justiça Eleitoral. Mas não será deixado de lado, segundo o delegado responsável pela investigação, Bruno Benassuly.
“Foi solicitado o mandado [de busca e apreensão na casa de Helder Barbalho], mas não foi deferido nesse momento. Nada obsta que, em um momento futuro, seja requerida nova diligência”, afirmou o delegado, explicando que a investigação sobre a prática de caixa dois na eleição estadual do Pará de 2014 não se encerrou com a operação desta quinta-feira.
“Foi apenas uma etapa da investigação, que não foi encerrada. […] A investigação ainda está em andamento. Ainda não sabemos a participação de alguns dos investigados e ainda temos diligências a serem executadas”, afirmou Benassuly.
O delegado, contudo, não quis dar detalhes da possível participação de Helder Barbalho no esquema e não comentou os motivos que levaram a Justiça a negar o mandado de busca e apreensão na casa do governador neste momento.
Helder Barbalho, por sua vez, negou a participação no esquema de caixa dois. Por meio das suas redes sociais, o atual governador do Pará admitiu ter recebido doações da Odebrecht na campanha de 2014, mas garantiu que todas as doações foram recebidas dentro da lei e declaradas ao Tribunal Regional Eleitoral. Veja o que ele disse:
As doações oriundas da empresa Odebrech foram integralmente declaradas ao TRE e minhas contas aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Reitero o compromisso com a lisura de todo processo eleitoral e com o trabalho da Justiça.— Helder Barbalho (@helderbarbalho) January 9, 2020
Filho do ex-governador Jader Barbalho, Helder Barbalho não se elegeu em 2014. Ele perdeu a eleição para Simão Jatene (PSDB) no segundo turno e acabou assumindo o Ministério da Pesca do governo de Dilma Rousseff (PT). Em 2o18, por sua vez, foi eleito governador do Pará ao derrotar Márcio Miranda (DEM) no segundo turno.
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Busca e apreensão com aviso prévio?
Isso é brincadeira.
É como se procedia nos casos em que o lula ou a quadrilha dele, estavam envolvidos.
Realmente, avisam com bastante antecedência para o suspeito ter amplo tempo para destruir quaisquer provas. A busca e apreensão muitas vezes também ocorre mais de um ano depois do delito.