Seis dias após o nome de Kassio Nunes Marques ser indicado por Jair Bolsonaro para o Supremo Tribunal Federal (STF), protestos contra seu nome e a decisão do presidente continuam a aparecer entre os mais comentados nas redes sociais. Nenhum destes protestos, porém, é movido pela oposição. Desde o início do mês, é o Movimento Vem Pra Rua – de orientação anti-esquerda e pró-Lava Jato – que movimenta o maior número de mensagens contra o nome do magistrado.
Na manhã desta quarta-feira, por exemplo, a hashtag “JairCalheirosBolsonaro” estava entre as mais comentadas no Twitter brasileiro. O termo, uma junção dos nomes do presidente e do senador emedebista, ocorreu porque o senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse que o grande legado do presidente Jair Bolsonaro será o fim da Lava Jato.
“Ele já encadeou várias medidas, desde o Coaf, a Receita Federal, a nomeação do [PGR Augusto] Aras, a demissão do [ministro da Justiça Sergio] Moro e agora a nomeação do Kássio [Nunes Marques para o STF]”, disse Calheiros à CNN Brasil, “e é o grande legado que ele pode deixar para o Brasil – que é o desmonte deste sistema que causou muitas vítimas nos últimos anos e graças a Deus não conseguiu substituir a política”, disse o senado, que não atribuiu ao presidente o título de “maior inimigo da Lava Jato”.
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Você viveu pra ver Renan Calheiros elogiar Bolsonaro por mudar o COAF, nomear Aras, e indicar Kassio Nunes.
Ele ainda disse que conta com Bolsonaro para acabar com o que ele chama de “estado policialesco”.
Sem comentários.
— #Dia18EuVou – Vem Pra Rua 🇧🇷 (@VemPraRua_br) October 7, 2020
“É no mínimo curioso que Renan Calheiros, aquele que recorreu ao CNMP para punir Deltan Dallagnol por dizer a verdade, seja o mesmo que agora está rasgando elogios para a atuação de Bolsonaro no desmonte da Lava Jato”, escreveu o perfil, que conta com 229 mil seguidores no Twitter. Em outra mensagem, o grupo voltou à carga contra ambos: “Renan não se envergonha em ter dito o que disse. E Jair não se envergonha em ter feito o que fez.”
Durante a semana, outras hashtags foram extremamente divulgadas pelo movimento, tais como “BolsonaroPetista” e “DerreteBolsonaro”. Assim como a menção a Calheiros, ambas as expressões se mantiveram como assuntos mais comentados na rede social.
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O motivo da crítica ao nome de Kassio está na possível inclinação do magistado, caso seu nome seja confirmado, com a ala “garantista”da corte, mais propensa a preservar direitos como a liberdade – o que poderia indicar, por exemplo, que ele seja contrário à prisão após 2ª instância, pauta cara ao grupo e à Lava Jato. “Bolsonaro preferiu agradar, Gilmar, Toffoli e o Centrão e chutou o traseiro de todos os conservadores que lhe deram um voto de confiança, apesar das inúmeras mancadas que eram relevadas até então. Agora já era”, escreveram no início do mês.
O grupo, nascido após junho de 2013, também resolveu adiantar uma manifestação que faria contra a indicação de Bolsonaro. O ato, planejado originalmente para o dia 25, foi adiantado para 18 de outubro, um domingo antes da sabatina de Kassio Marques na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, no dia 21 de outubro (quarta).
O Vem Pra Rua foi um dos movimentos que participou ativamente das manifestações que pediram o afastamento da presidente Dilma Rousseff, entre 2015 e 2016. O grupo apoiou a eleição de Jair Bolsonaro e a entrada de Sergio Moro como ministro da Justiça e Segurança Pública do novo gabinete.
A demissão de Moro em abril, e a escolha de Augusto Aras como procurador-geral da República, ainda em 2019, fizeram o grupo rever suas posições de maneira radical. Em junho, o grupo pediu a queda de Bolsonaro. “O caminho da esperança foi desviado. A esperança foi rasgada”, afirmou o grupo, em um vídeo publicado à época.
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