É responsabilidade do presidente da Câmara escolher quem vai ficar com a relatoria de projetos de lei, presidir comissões e grupos de trabalho. Com a pandemia do coronavírus, o poder do chefe da Casa Legislativa foi ampliado já que as comissões não funcionam e todas as matérias são analisadas diretamente no plenário.
É possível perceber um padrão nas escolhas de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para papéis de destaque da Câmara. Geralmente são privilegiados os deputados que fizeram parte da base de apoio que deu votos para que Maia fosse escolhido em 2019 para o terceiro mandato à frente da Câmara.
O Congresso em Foco conversou com alguns dos deputados próximos a Maia e chegou a uma lista com o círculo próximo do presidente da Câmara. Não raro, o congressista faz reuniões informais em sua residência oficial com esses deputados.
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São eles Baleia Rossi (MDB-SP), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Efraim Filho (DEM-PB), Elmar Nascimento (DEM-BA), Fernando Coelho Filho (DEM-PE), Tabata Amaral (PDT-SP), Felipe Rigoni (PSB-ES), Orlando Silva (PCdoB-SP), André Figueiredo (PDT-CE), Marcos Pereira (Republicanos-SP), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Pedro Paulo (DEM-RJ), Enrico Misasi (PV-SP) e Leo Moraes (Podemos-RO).
Na lista estão incluídos não só partidos de centro-direita, mas também alguns de esquerda, como o PCdoB e o PDT. As duas siglas apoiaram Maia na eleição interna da Câmara em 2019.
Neste ano por exemplo, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) foi designado para dois papéis importantes. São eles a relatoria da medida provisória que permite cortar jornadas e salários durante a pandemia e a coordenação de um grupo de trabalho para fechar um texto que regulamenta o combate às notícias falsas.
O PDT também teve relatorias importantes, como o da medida provisória que definiu a data de início da Lei Geral de Proteção de Dados. Além disso, a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) frequentemente tem espaço de destaque na coordenação de iniciativas de auxílio social e de educação. Felipe Rigoni, do PSB, também tem destaque nas pautas de educação e em matérias econômicas, como a regra de ouro.
O ex-candidato a presidente Ciro Gomes, hoje um dos principais nomes do PDT, comentou em entrevista ao Congresso em Foco em outubro de 2019 sobre o apoio dado a Maia.
“Com Rodrigo Maia nós fizemos uma exigência para apoiá-lo para presidente da Câmara e ele está cumprindo rigorosamente. Exigimos dele duas coisas, que garantisse o espaço de contenção de danos que nós precisamos ocupar e ele está cumprindo rigorosamente, já conseguimos várias proezas no Congresso, sendo uma bancada pequena. A outra é obrigar o Bolsonaro ao jogo democrático, ele está cumprindo exemplarmente. A história vai registrar por exemplo que ele foi o mais gravemente responsável por impedir que o Bolsonaro levasse o Brasil a uma guerra contra a Venezuela.”
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Ao decidir pelo apoio a reeleição de Maia em 2019, o então líder do PCdoB na Câmara, Daniel Almeida, disse que “a decisão reflete a necessidade de retomada do prestígio do Poder Legislativo com um presidente pluralista, que respeita o regimento. Não é uma opção ideológica, mas é a que dará maior estabilidade política à Câmara”.
Não foi a primeira vez que o PCdoB apoiou Maia. Em julho de 2016, logo após a cassação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o partido já tinha aderido à candidatura do atual presidente da Casa. No discurso da vitória, Maia agradeceu “aos grandes amigos” Orlando Silva, deputado por São Paulo, e Aldo Rebelo, ex-dirigente da legenda e agora sem partido, pelo apoio da bancada. A relação política do DEM e os comunistas é antiga. Quando foi eleito presidente da Câmara, em 2005, Aldo também recebeu o apoio de Maia.
Enrico Misasi e Leo Moraes foram incluídos recentemente no círculo. O deputado do Podemos foi escolhido por Maia para ser relator da medida provisória do setor elétrico e Misasi para relatar um dos projetos da pauta ambiental da Câmara, que estabelece uma escala de empresas não poluidoras.
O PSDB foi escolhido para relatar a reforma da Previdência, a principal pauta de 2019 da Câmara, tarefa que coube a Samuel Moreira (PSDB-SP).
Na discussão da reforma tributária também é possível encontrar pessoas próximas a Maia, como o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator do texto, e o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), autor da principal iniciativa sobre o tema na Casa. Os dois deputados são apontados como possíveis candidatos de Maia na eleição para o comando da Casa Legislativa em fevereiro de 2021.
O deputado Pedro Paulo, que faz parte do mesmo grupo político de Maia no Rio de Janeiro, foi o responsável na Câmara pelo texto de socorro financeiro a estados durante a pandemia, além de ser o autor de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que facilita o corte de despesas da máquina pública.
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