|
O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), pediu ontem que a CPI dos Correios investigue a coincidência entre as datas de saques feitos pelo publicitário Marcos Valério Fernandes e de votações importantes para o governo no Congresso. Dados do Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) mostram que os maiores saques feitos pelo publicitário em suas contas no Banco Rural ocorreram quando o governo tentava aprovar projetos polêmicos. "Não quero fazer ilações. Mas, pelas datas dos saques, é de se supor que esse dinheiro tinha endereço certo", disse Maia, em discurso na tribuna. A partir de levantamento feito pela agência de notícias Reuters, o líder pefelista ressaltou que, nos dias que antecederam à votação do salário mínimo, em junho de 2004, saiu das contas de Valério o equivalente a R$ 700 mil. Na época, o governo enfrentava dificuldades na Câmara para reverter a derrota imposta pelo Senado, que elevou a proposta inicial, de R$ 260, para R$ 275. Ao fim, os governistas conseguiram restabelecer o valor original. Publicidade
Leia também Publicidade
A coincidência se repetiu na votação da medida provisória que deu status de ministro ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em dezembro. Dois dias antes, foram sacados R$ 480 mil, segundo o Coaf. Movimentação semelhante teria ocorrido, ainda de acordo com o órgão do Ministério da Fazenda, na semana em que foi votada a reforma tributária em 2003. Na ocasião, Valério sacou R$ 1,2 milhão. Outro que vai ter de explicar uma “coincidência” é o líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR). Um dia depois de negar conhecer Marcos Valério, Borba admitiu ontem, em reunião com aliados, que já se encontrou com o publicitário, acusado de ser operador do suposto mensalão. PublicidadeBorba esteve na sala do Banco Rural, no nono andar do Brasília Shopping, no dia 3 de dezembro de 2003. Segundo o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), o local seria um dos endereços para o pagamento da mesada. Naquele dia, foram sacados R$ 200 mil da conta da SMPB Comunicação Ltda., uma das empresas de Valério, de acordo com o Conselho de Controle da Atividade Financeira. Aos companheiros de partido, o líder do PMDB disse que, naquele andar do prédio, funciona o laboratório de análises clínicas do qual é paciente. Um grupo de deputados ligados ao presidente da legenda, Michel Temer (SP), pediu ontem o afastamento de Borba, entusiasta da aliança com o governo, da liderança na Câmara. A ala que prega a oposição ao governo defende o afastamento do líder. Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, Borba havia negado conhecer pessoalmente Valério, contradizendo as declarações da ex-secretária do publicitário Fernanda Karina Somaggio. Pela primeira vez, um nome do PMDB aparece ligado ao escândalo do pagamento de mesada. O deputado voltou atrás ao ser pressionado durante reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o líder do partido no Senado, Ney Suassuna (PB). "O Borba nos disse que ele não era líder da bancada na época que ele aparece nos registros da portaria. Ele disse para não nos preocuparmos, que não tem nenhum envolvimento do PMDB", disse Suassuna. |
Deixe um comentário