A live “mulheres na política” recebeu nesta quinta-feira (27) algumas das vencedoras do Prêmio Congresso em Foco 2020. Menos de 15% da Câmara e de 14% do Senado, elas foram 31 do total de 75 parlamentares premiados nesta edição.
Participaram as senadoras Eliziane Gama (Cidadania – MA) e Soraya Thronicke (PSL-MS), além das deputadas Luisa Canziani (PTB-PR) e Joenia Wapichana (Rede-RR). A mediação foi de Sylvio Costa, fundador do Congresso em Foco.
Um dos assuntos debatidos entre as parlamentares durante a live foi as cotas para mulheres nas campanhas. Para Eliziane Gama, a equidade entre homens e mulheres no parlamento só será possível por meio das cotas. Ela citou avanços dos outros países latino-americanos no tema. “Não há segredo, o mecanismo de fato é esse: precisamos estabelecer as cotas.” Na avaliação dela, o machismo na política ainda atrapalha o avanço das mulheres, mas entende que as cotas são instrumentos pontuais.
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Em número cada vez maior no Congresso Nacional, a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS), comentou que, por ser mulher, sofre perseguições políticas. Para ela, os “tradicionais” se assustaram com a renovação no parlamento. Segundo ela, em países desenvolvidos não existem cotas. “Eu gostaria de viver em um país que não precisa de cotas, mas o Brasil ainda não tem essa maturidade.” A senadora também lamentou o fato de nas últimas eleições o Mato Grosso do Sul não ter eleito nenhuma mulher para a Assembleia Legislativa. “Precisamos conscientizar, sim”, vaticinou.
Joenia Wapichana (Rede-RR), primeira deputada indígena do país, disse que é possível estar na política, mas são muitas as barreiras. Ela lembrou de quando foi questionada por um repórter se o Congresso Nacional era lugar para indígena. “O Congresso é para mulheres, indígenas e para todos que tem suas reivindicações”, lembrou. Com a pandemia de covid-19, a deputada também enfatizou que as comunidade indígenas ainda precisam enfrentar muitos desafios para vencer o vírus.
Luisa Canziani (PTB-PR), a mais jovem entre as parlamentares, enfatizou o interesse das mulheres pela política e reforçou que ainda falta espaço para as candidaturas. “Uma reserva de cadeiras e não de candidaturas” seria a melhor alternativa para uma maior participação feminina aos pleitos.
Sempre polêmico, o tema sobre o código de vestimenta das parlamentares também foi assunto da live. A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) disse que os cuidados são os mesmos com os tomados em relação ao antigo trabalho como advogada. “A mulher está sempre mais exposta porque no Plenário tem muitas câmeras”. Já a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), contou que já sofreu preconceito no elevador da Câmara dos Deputados por estar de saia. “Me olharam e informaram que o elevador para o público era do outro lado”, disse.
Outros assuntos como candidaturas laranja de mulheres, a gestão da pandemia de covid-19 e gravidez durante um mandato também ganharam espaço no bate-papo. Outro tema comentado foi se as críticas sofridas pela ex-presidente Dilma Rousseff foram exacerbadas em função do machismo. “Não só com ela, como com a representante do meu partido, a querida Marina [Silva]. As piadinhas com a ex-presidenta, como ela dizia, se tornaram até crime, acabaram levando ao processo de impeachment. Se fosse um homem que tivesse feito aquelas pedaladas fiscais, como seria? Eu queria que todo mundo refletisse”, disse a deputada Joenia.
Confira como foi:
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