Municípios brasileiros, dentre os quais algumas das maiores capitais do país, negaram que tenham aplicado imunizantes da vacina da FioCruz/AstraZeneca fora do prazo de validade na população. As negativas públicas vieram nesta sexta-feira (2), após reportagem do jornal Folha de S. Paulo indicar que mais de 25 mil doses do imunizante vencidos tinham sido distribuídos e utilizados.
A prefeitura de Maringá, listada como a que teria aplicado maior número de imunizantes vencidos, foi uma das primeiras a se pronunciar. De acordo com a prefeitura, o lançamento Conect SUS é diferente do dia da aplicação da dose. “Isso porque, no começo da vacinação, a transferência de dados demorava a chegar no Ministério da Saúde, levando até dois meses. Portanto, os lotes elencados são do início da vacinação e foram aplicados antes da data do vencimento. Concluindo, não houve vacinação de doses vencidas em Maringá e sim erro no sistema do SUS”.
O Rio de Janeiro negou que tenha se valido de doses fora do prazo:
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— Prefeitura do Rio (@Prefeitura_Rio) July 2, 2021
Belo Horizonte emitiu nota na qual afirma que algo semelhante: “o que ocorreu foi o registro da data de aplicação de forma incorreta no sistema do PNI. A Secretaria Municipal de Saúde informa que já contactou as pessoas que foram vacinadas com os lotes em questão, verificou os cartões de vacina, e não há nenhuma inconformidade”.
Em nota à imprensa, a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, por exemplo, disse que chegou a receber dois dos lotes indicados na matéria como vencidos, mas que todos eles foram aplicados antes do prazo fatal. “A aplicação das doses foi realizado dentro do período determinado pelo fabricante do imunobiológico e apenas o registro no sistema do banco de dados do Ministério da Saúde foi efetuado em data posterior a aplicação da vacina”, consta na nota da Prefeitura encaminhada à imprensa.
A Prefeitura de Teresina também negou que tivesse aplicado doses vencidas da covid-19:
De maneira semelhante, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), indicou que tal dose “vencida” se refere a um erro de preenchimento no Ministério da Saúde:
Fiquem tranquilos. O Recife não aplicou dose vencida de Astrazeneca. As últimas doses do lote 4120Z005 foram ministradas até 25/2/2021. A @folha se refere a um erro, já corrigido, no registro de 2 doses no sistema do @minsaude. A gente segue vacinando certo e protegendo vidas.
— João Campos (@JoaoCampos) July 2, 2021
A Prefeitura de Juiz de Fora (MG) foi na mesma linha e negou problema com as doses recebidas:
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indicou sua competência é apenas a da “avaliação da qualidade, segurança e eficácia das vacinas e das condições de fabricação das empresas envolvidas na produção das vacinas”, não incluindo a compra e uso das vacinas. “A Agência não recebeu pedido de análise sobre a ampliação do prazo de validade da vacina da AstraZeneca ou foi consultada sobre a aplicação do produto fora do prazo definido em bula”, informou a agência em nota.
A Fiocruz, que produz a vacina, indicou que os lotes contestados não foram produzidos no Brasil, mas sim pelo Serum Institute, na Índia.
“Todas as doses das vacinas importadas da Índia (Covishield) foram entregues pela Fiocruz em janeiro e fevereiro dentro do prazo de validade e em concordância com o Ministério da Saúde, de modo a viabilizar a antecipação da implementação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, diante da situação de pandemia”, afirmou a Fundação, em nota. “A Fiocruz está apoiando o Plano Nacional de Imunizações na busca de informações junto ao fabricante, na Índia, para subsidiar as orientações a serem dadas pelo Programa àqueles que tiverem tomado a vacina vencida.”
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) disse que investigará todos os casos de aplicação de doses fora do prazo, mas não descartou erro no preenchimento dos dados por parte dos órgãos municipais.
O Conass buscou ressaltar a escala do problema. “O número de casos identificados corresponde a 0,0026% de todas as doses aplicadas no País, sendo necessárias ponderação e investigação quanto à aplicação das doses e preenchimento das informações”, escreveu em nota.
O Congresso em Foco também questionou o Ministério da Saúde sobre a questão, até o momento sem resposta. O espaço permanece aberto para manifestações.
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