A quebra de bancos internacionais nos últimos dias acendeu o alerta vermelho no mercado financeiro, e pode resultar em perdas que afetam diretamente a renda do brasileiro. E o cenário não é apenas um roteiro de ficção. Diante da ruptura de instituições internacionais, o mercado já se prepara para consequências que, tradicionalmente, afetam a vida de quem nem sabe como investir na compra de ações.
“Quebras de bancos podem detonar processos de incerteza nos mercados financeiros, que pressionam os bancos centrais e governos a ajudarem os bancos em dificuldades dando dinheiro para que eles cumpram suas obrigações e evitem a reação em cadeia caso não o façam”, avaliou a pedido do Congresso em Foco o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves.
Ele complementa: “A coisa “boa” é que uma quebradeira é desinflacionária. E a coisa ruim, muito ruim, é que economia fraca significa emprego em queda e queda na renda das famílias. Quão mais rápido os bancos centrais reduzirem os juros para ajudar a economia e os governos ajudarem a economia a se recuperar”.
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O alerta no mercado brasileiro ganhou musculatura no começo desta semana, quando instituições dos Estados Unidos e da Suíça colapsaram. As primeiras baixas se deram nos Estados Unidos. Lá, o Silicon Valley Bank foi tomado por controladores e teve a falência decretada. Tudo teve início quando o banco não teve condições de devolver o dinheiro depositado após uma corrida de clientes para fazer saques, motivados pela morte financeira já anunciada.
Horas depois do Silicon Valley Bank , foi a vez do Signature Bank também ser tomado por controladores financeiros. A instituição trabalha com o setor de criptomoedas, que há meses enfrenta baixas em seus valores, colocando em alerta os investidores de moedas eletrônicas.
Na mesma semana, do outro lado do oceano, o suíço Credit Suisse amargurou perdas históricas no valor de suas ações, estendendo o racha que já tira o sono de parte do mercado financeiro. As dificuldades financeiras do banco não são recentes, mas foram ampliadas pela saída de clientes de sua base, que resultaram em perdas de cerca de US$ 120 bilhões. Para completar, o principal acionista, o Saudi National Bank, da Arábia Saudita, anunciou que não vai apoiar a instituição com um aumento de sua participação no capital.
Ainda que a quebradeira dos bancos não ocorra no Brasil, os especialistas do mercado financeiro trabalham com a expectativa de que fatos como esses possam levar a economia mundial a entrar em recessão e criar um círculo vicioso: empresas perdem e não conseguem pagar suas contas, o que significa que outras empresas, inclusive bancos, pessoas e governos não vão ter o dinheiro que esperavam.
“Nosso bolso depende de emprego, rendimento e inflação. Corremos o risco de menos de cada um. Nessas horas, nosso banco central precisa moderar nos juros”, diz o economista.
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