Quantas vezes fui enganado? Quantas vezes me enganaram? Quantas vezes vão me enganar?
Faço-me estas perguntas, mas todas as pessoas deveriam se perguntar quantas vezes foram e se continuarão sendo enganadas.
Faço-as em relação ao que ouço, leio e vejo na imprensa: jornais, revistas, rádios, TVs, internet, etc.
Quando criança e depois, adolescente, nunca vi meu pai ou minha mãe parados ouvindo rádio. Lá em casa, no sítio, nesta época, TV não existia. Mais tarde é que veio a existir.
Jornal, no sítio, só chegava como papel de embrulho de alguma coisa que se comprava na cidade. Era guardado para acender o fogo no fogão à lenha. Sempre se usava palha seca de milho e jornal, quando havia algum.
Tínhamos somente rádio e não sei se ele chegou antes ou depois de mim. Não tenho ideia de quando chegou. Só sei que nunca vi meu pai ou minha mãe parados para ouvir notícias. Tampouco os vi parados ouvindo qualquer outro programa.
O rádio, quando ficava ligado, era para ouvir música e eu, já adolescente, para ouvir futebol, coisa que irritava muito tanto meu pai como a minha mãe. Hoje dou razão a eles.
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O rádio era ouvido em alguns momentos como na hora da “Ave Maria”, às seis horas da tarde, e em ocasiões especiais, como, por exemplo, nas campanhas eleitorais, e quando, apesar de ser pré-adolescente, lembro, do golpe de Estado e deposição de Jango, com a consequente instalação da ditadura militar.
Provavelmente, pelas conversas que ouvi, foram enganados e os enganadores, os que davam ou transmitiam as notícias pela rádio.
Tenho a certeza de que foram enganados pois diziam que Jango era comunista. Eles não sabiam o que é comunismo e tampouco o que é ser comunista. Eu fui saber muitos anos depois.
Em contrapartida a hoje, ouviam pouco o rádio e não liam noticias de jornais ou de revistas, mas, apesar de enganados, eram menos enganados do que os chamados “midiotas” de hoje. Hoje, esses meios (jornais, revistas, TVs, rádios, internet) constroem narrativas totalmente fantasiosas e mentirosas. Não vou generalizar, mas é o que faz a maioria das empresas privadas de comunicação: constroem verdadeiros idiotas, os chamados midiotas.
Se, antes, havia pouca informação, hoje temos excesso de informações. Portanto, para não ser enganado pelos enganadores é necessário ter muitas fontes de informações. Não dá para ficar só por conta das poucas famílias que mandam na informação. São muitos os exemplos de manipulação da informação, mas, no momento, basta ficar só com um caso da Lava Jato.
Todos que acompanham a campanha golpista da Globo lembram da 22ª fase, chamada Operação Triplo X. Esta operação prendeu alguns dirigentes e documentos da empresa Mossack & Fonseca. O objetivo desta fase era buscar provas para criminalizar o ex-presidente Lula, só que chegaram ao triplex ilegalmente construído no litoral do Rio de Janeiro, que a família Marinho (dona da Globo), apesar de todas as evidências, nega ser dela.
Quando o combatente juiz Sérgio Moro, a Polícia Federal e o Ministério Público viram que os documentos levantavam suspeitas sobre um crime cujo réu seria a Rede Globo, e não o Lula, imediatamente todos foram soltos e nada mais se ouviu a respeito. São só enganadores querendo nos enganar. Mas mentira tem perna curta.
Recentemente, apesar de filtrados pelos interesses norte-americanos, alguns documentos (Panamá Papers) vieram à tona e provam que os donos, diretores e alguns apaniguados de quase todas as grandes empresas privadas de comunicação têm dinheiro em paraísos fiscais.
Alguns dizem que é legal, e pode ser, mas é imoral.
Na lista, constam nomes de 14 empresários de mídia e jornalistas brasileiros, porém não há na Globo, nem em qualquer outra TV, nenhuma noticia sobre o fato. Nesta lista estão, por exemplo: Paula Marinho, neta do fundador da Globo (Roberto Marinho); a dona da TV Verdes Mares, Yolanda Vidal Queiroz; o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, dono da Rede Massa de Televisão; um sócio do grupo Bloch, antigo dono da TV Manchete, Pedro Jack Kapeller; o ex-senador João Tenório, dono da TV Pajuçara, em Alagoas; o sócio das TVs Studio Vale do Paraíba e Jaú, Antonio Droghetti Neto; do jornal O Estado de S.Paulo, Ruy Mesquita Filho e o presidente do Conselho de Administração do Grupo Estado, Walter Fontana Filho; e da (Veja) Editora Abril José Roberto Guzzo.
No tempo do meu pai e da minha mãe, tinha-se pouca informação, era mais fácil enganar. Mas hoje, com tanta informação disponível, não deveria haver tantos midiotas.
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