Durante uma conferência online realizada na manhã desta terça-feira (7), o epidemiologista da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa da Silva, comentou sobre a pandemia da covid-19, e as ações que devem ser desempenhadas pelos governos dos países.
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Jarbas Barbosa é subdiretor da OPAS, que é o braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas. Ele avalia que o isolamento social e a suspensão das atividades são importantes para desafogar o sistema de saúde. “Quando a gente ‘para’ as atividades de um país, mantendo apenas as essenciais, a gente está comprando tempo para que as UTIs e respiradores não fiquem sobrecarregados e que as pessoas não morram por causa disso”, diz. Sem o distanciamento social, o risco é de que muitas pessoas fiquem doentes ao mesmo tempo e que o número de hospitais não consigam atender à demanda.
O retorno às atividades ainda não possui previsão, mas caso o momento chegue, o epidemiologista analisa que a transição precisa ser feita estrategicamente. “A volta precisa ser cuidadosa e planejada, olhando a dinâmica de transmissão e nível de ocupação das UTIs e respiradores. Esse é um caminho cuidadoso e planejado”, comenta.
As avaliações do especialista aconteceram durante um o webinar Saúde e Comunicação Conectadas — Novas perspectivas para as lideranças em época de coronavírus. Além do médico, participaram do encontro virtual o educador Cláudio Thebas, publicitário, palhaço e escritor; e a jornalista Patricia Marins, sócia-diretora da In Press Oficina. A mediação foi feita pela jornalista Fernanda Lambach.
Importância da comunicação
Para o epidemiologista, quando o governo adota a postura de esclarecer à população a necessidade de cumprir o isolamento social e outras medidas preventivas, ele segue uma estratégia que salva vidas. “É muito importante primeiro que o governo aja como um todo, tomando todas as medidas para reduzir o impacto social e econômico que vai ocorrer e, ao mesmo tempo, providenciando informações de maneira que as pessoas saibam exatamente o que está ocorrendo e o que isso está poupando de vidas e reduzindo a sobrecarga nos leitos de UTI e respiradores”.
Segundo ele, quando há conscientização sobre os benefícios causados ao seguir as orientações sanitárias propostas pelo governo, é possível um aumento na adesão delas. “É importante que isso seja bem comunicado para que as pessoas saibam que não é uma invenção de ninguém e que se trata de uma ameça à saúde publica real e que nós temos os meios para enfrentá-la, se esses meios forem utilizados de maneira plena com o apoio muito grande da sociedade”, enfatiza.
Jarbas considera como “absolutamente inaceitável” a ação dos Estados Unidos de pagar valores muito acima do preço de mercado para adquirirem cargas de equipamentos de proteção individual (EPIs) contra o covid-19, que estavam destinadas a abastecer outros países. A prática foi denunciada por diversos países, entre eles, a França. “Isso que a gente esta vendo no mundo hoje nos Estados Unidos, na Turquia e na Europa de segurar carga de outros países é absolutamente inaceitável. Creio que o mundo vai ter que debater como criar mecanismos que garantam acesso equitativo para que os países pobres não deixem de ter instrumentos que podem salvar vidas”, frisou.
Sem medicamentos aprovados
Quanto a cloroquina e outros medicamentos que tem sidos apresentados como promessa de uma possível cura ou tratamento para a doença, ele enfatiza que ainda não existe um medicamento capaz de amenizar os sintomas e quadro do covid-19. “É algo que podemos dizer com toda a franqueza: nós não temos ainda um medicamento capaz de reduzir a gravidade do covid-19. Os estudos que foram publicados sobre a cloroquina, por exemplo, quando se faz uma revisão sistemática sobre eles, eles são absolutamente incapazes de provar que a cloroquina esteja fazendo com que os pacientes não morram ou que os pacientes não evoluam para uma gravidade”, explica.
Mesmo sem a eficácia comprovada cientificamente, o uso da cloroquina contra o covid-19 foi defendido em diversas ocasiões pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.
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