Fernando Siqueira *
A Organização das Nações Unidas (ONU) pede ação urgente dos países contra mudanças climáticas, que vêm ocorrendo com o aumento na emissão de gases causadores do efeito-estufa ao ser humano. As medidas preconizadas pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pedem ação rápida contra o aquecimento global, pelo bem da humanidade.
A adaptação do planeta aos efeitos das mudanças climáticas que ocorrem pelo mundo é algo desafiador. O custo real para deter secas, inundações, invasões florestais, o desmatamento criminoso e a poluição dos rios e controlar o lixo plástico é assustador, de acordo com estudos elaborados e divulgados por cientistas e estudiosos preocupados com os danos ao meio ambiente na Terra.
Até 2030, serão necessários cerca de US$ 600 bilhões para combater os males que vêm afetando o meio ambiente no mundo. O secretário-geral da ONU afirma que o planeta terá que se ajustar aos parâmetros da preservação ambiental. A geleira antártica derrete quatro vezes mais rápido que há dez anos, dizem estudos a respeito. Estamos vendo todo o dia os fatores causadores do aquecimento global. Os governantes veem a natureza ser destruída e sabem que estão no mesmo barco, podem naufragar juntos.
A reunião da cúpula ambiental será realizada em dezembro próximo em Copenhague, na Dinamarca, num momento em que todos estão convictos de que é realmente preciso mudar o rumo da situação, com um novo tratado, mais rígido no combate a todos os fatores que estão prejudicando o clima do planeta, visto que o atual Protocolo de Kioto expira em 2012.
A indústria nos EUA e na Europa nunca se preocupou com o futuro, e o estrago chegou, e está assustando todo mundo. Não houve projetos visando à preservação mundial, o capitalismo selvagem se aprofundou e deixou os Estados Unidos e a maioria dos países do continente europeu à beira do abismo quanto ao meio ambiente. Acabamos de assistir agora ao desmonte do rico capitalismo que prejudicou a todos, principalmente a si próprio. No entanto, o recente freio econômico, ocorrido principalmente nos países ricos, beneficiou a atmosfera, diminuindo o índice de emissões de carbono no planeta. A natureza agradece e exige daqui para frente mais prudência e menos ganância econômica. Aqui no Brasil, estamos assistindo, principalmente na região Sul e Sudeste, a “tufões” abalando e destruindo cidades. Isso já é sinal de transtorno que nunca ocorreu em nosso país. É um alerta contra o desmatamento e a poluição dos rios.
Agora, antes que seja tarde demais, os governos terão que tomar urgentes atitudes impopulares contra os segmentos da indústria produtora do gás carbônico e a poluição em grandes metrópoles e promover uma cirurgia indelicada nas áreas de mineração e produção de cana-de-açúcar e gado, para conter o desmatamento sem critérios, principalmente em nosso país. Nosso Brasil, um grande continente, mostra desequilíbrio notório em suas áreas florestais.
Temos como exemplo o desmatamento perverso da Amazônia brasileira e do Pantanal Matrogrossense, que já foi atingido em 40%, substituindo-se áreas nativas pela pecuária e até pela cana, com graves danos ao meio ambiente. O rastro da destruição prejudica a fauna, os rios e o solo. Estamos também vendo o cerrado brasileiro, no Centro-Oeste, ser destruído para dar lugar à pecuária, à cana e a culturas como a da soja.
Ainda há tempo? A Amazônia ainda consegue absorver todo o carbono emitido pelo país. O rei da água doce, o rio Amazonas, caminha pela floresta cauteloso com medo de ser atingido pelo dilúvio do desmatamento. O maior bioma do mundo sobrevive, caminhando para um futuro incerto, que não se sabe se um dia deixará de existir. A máquina de fazer chuva transpira, na umidade intacta de alguns lugares da floresta, onde o homem ainda não pisou. Até quando?
Os custos para a preservação ambiental e para manter as florestas vivas no planeta têm que recair em sua maior parte sobre os ombros dos países ricos. Os países pobres recorreriam assim a um fundo de adaptação da ONU para arcar com os gastos sob sua responsabilidade.
A exploração do meio ambiente está chegando ao fim da linha. Para onde vamos? Toda biodiversidade da Amazonas exigirá mais coerência dos brasileiros, incluindo pecuaristas, madeireiros e assentados pela reforma agrária. As transformações climáticas que vêm ocorrendo no planeta batem na nossa porta e exigem mudanças de atitude imediata.
* Fernando Siqueira é jornalista e assessor de Comunicação Política.
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