A prefeitura de Santa Maria, uma das primeiras cidades a ser atingida pelas chuvas intensas que atingem o Rio Grande do Sul desde a última terça-feira (30), estima que sejam necessários cerca de R$ 300 milhões para recuperar os prejuízos estruturais deixados pelos temporais. Santa Maria foi o primeiro município gaúcho a ser visitado pelo presidente Lula na última quinta-feira (2).
Na ocasião, Lula prometeu que o governo federal fará a liberação de R$ 580 milhões em emendas para o estado, que atenderão a 497 municípios. O dinheiro, contudo, ainda não tem previsão de chegar às contas dos municípios. Ainda assim, não deve estar nem perto do que será necessário para recuperar o estrago das chuvas no Estado.
“Não chegou nada de dinheiro do governo ainda. Eu acertei com o presidente Lula, quando ele esteve aqui, que vou apresentar o levantamento completo. Apenas hoje de manhã conseguimos ver o tamanho do estrago que a chuva deixou. Passamos desde terça-feira da semana passada, única e exclusivamente, trabalhando para cuidar das pessoas”, disse o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom (PSDB) ao Congresso em Foco no começo da tarde desta segunda-feira (6).
“Só a parte de drenagem e macrodrenagem daria uns R$ 100 milhões. Colocando as áreas de risco, em torno de R$ 300 milhões. Com esse valor recuperamos toda a cidade. Pode ser que não se utilize tudo, por isso é preciso que tenha um plano de trabalho único. É essa flexibilidade que falei para o presidente Lula e para o governador do estado (Eduardo leite) que precisamos ter”, afirma o prefeito.
Segundo Pozzobom, em 13 de novembro do ano passado, a prefeitura protocolou junto ao governo federal pedido de R$ 16 milhões para a realização de obras de drenagem no Morro do Chechella, no Bairro Itararé. Lá, as chuvas deixaram dois mortos.
“Nós já tínhamos um pedido de liberação de dinheiro, protocolado junto ao governo federal no dia 13 de novembro de 2023. Agora, o governo indicou que quarta-feira (8) vai liberar esse dinheiro, R$ 16 milhões, para a gente tratar de uma área. O que eu tenho falado: não adianta ter a burocracia. Ou nós vamos arrebentar essa burocracia e dar celeridade ou não adianta fazer decreto de calamidade pública, decreto de emergência, o governo federal dizer que está destinando, dizendo que tem dinheiro, e não ter pela burocracia”, desabafa.
Só na cidade de Santa Maria, as fortes chuvas deixaram cinco mortos, milhares de desabrigados e romperam as estradas de acesso à cidade, tanto nos trechos das rodovias estaduais (RSs) quando nas federais (BRs). A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) perdeu todo seu arquivo, que foi inundado pelas chuvas. Os livros da Editora da UFSM também foram perdidos.
De acordo com o prefeito, com a dificuldade de acesso à cidade, começa a haver limitação na vendas de itens de alimentação e higiene nos supermercados da cidade. Esses são os itens mais pedidos para doação, e foco de atenção dos voluntários que estão atuando na cidade em prol das vítimas das chuvas. Desde a última quarta-feira, a cidade tem conseguido atender às vítimas devido às doações feitas.
“Tivemos tantas e tantas doações. Acabamos de receber mais três carretas de alimentos que chegou de Chapecó. Estamos conseguindo dar um suporte para a nossa cidade, e também enviar ajuda para municípios mais próximos, que também foram devastados. Santa Maria não é uma ilha isolada e não vamos abrir mão de cuidar dos novos vizinhos também”, diz o prefeito.
A captação de doações por meio de PIX tem sido uma estratégia usada pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul e pelas prefeituras, visto que, dessa forma, é possível que os administradores consigam comprar de forma emergencial os mantimentos necessários, sem que haja a necessidade da realização de licitações.
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