Marcio Bittar*
Algumas sentenças pretensiosamente científicas dos chamados ambientalistas beiram a comédia e namoram com o ridículo. Os maiores absurdos são veiculados com o fito de criar uma atmosfera de militância em prol do meio ambiente. São pseudoargumentos com ares de ciência para mobilizar pessoas incautas em defesas antieconômicas e anticapitalistas. Alguns são recentes e outros antigos, porém todos são apocalípticos e fantasiosos.
Pascal Bernardin, autor do aclamado livro O Império Ecológico, resume bem o caráter ideológico e político do ambientalismo dos dias de hoje: “a ofensiva ecológica mundialista redefine inteiramente a problemática política. Seus objetivos já não são apenas econômicos, mas, antes, intelectuais, ideológicos, políticos e culturais. A importância do consenso ideológico atual, e já estabelecido ao redor das questões ecológicas, não deve ser subestimada. A esta redefinição dos objetivos revolucionários, junta-se a utilização de novas armas políticas, emprestadas da sociologia, da psicologia e da filosofia.”
O traço ideológico do novo ambientalismo é tão forte que se aproxima de uma espécie de seita. Bernardin é cirúrgico sobre o fato: “Esta extraordinária construção intelectual e política, que porta de forma incontestável a marca do adversário, desenvolve-se no plano espiritual. A revolução mundialista se disfarça de revelação ecológica e precede à mudança de paradigma esperado pela Nova Era. O Deus criador dos cristãos (e de todas as religiões monoteístas) é substituído pela Natureza.”
Com o aval da ONU (instituição eminentemente política e não científica), manchetes na imprensa avisam que o “pum de vaca polui mais que carros”; que “existem insetos que são especialistas em resolver muitos problemas do homem”, ou “como as ervas daninhas podem ajudar a combater as mudanças climáticas”; e ainda que o “desmatamento na Amazônia enfraquece rios voadores que refrescam calor carioca”. A preservação dos insetos, o fim das flatulências dos bovinos, o cultivo das ervas daninhas e o desmatamento que afeta rios voadores passam a ser argumentos mobilizadores de uma militância em prol de atitudes para salvar o planeta, evitando o aquecimento global causado pelo homem.
A fraude mãe, aquecimento global antropogênico, acaba por gerar outras pequenas fraudes. O que se assiste é uma fábrica de mentiras e meias verdades paga a peso de ouro por nações estrangeiras com alguns interesses ocultos e outros nem tanto. A ideia de que o homem produz aquecimento global está longe de ser um consenso científico. É hipótese que se contradita com os fatos.
O professor Luiz Carlos Molion, em artigo intitulado “Aquecimento Global: uma visão crítica”, publicado no livro “Aquecimento Global: frias contendas científicas”, resume com maestria a questão: “(…) a variabilidade natural do clima não permite afirmar que o aquecimento de 0,7 ºC seja decorrente da intensificação do efeito estufa pelas atividades humanas, ou mesmo que essa tendência de aquecimento persistirá nas próximas décadas, como sugerem as projeções produzidas pelo Relatório da Quarta Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. A aparente consistência entre os registros históricos e as previsões dos modelos não significa que o aquecimento esteja ocorrendo. Na realidade, as características desses registros históricos conflitam com a hipótese do efeito estufa intensificado.”
O que se sabe com certeza é que políticas públicas não podem ser decididas tendo por base falsos consensos científicos ou por ideologias estranhas aos interesses nacionais. A seita ambientalista fez e faz muito mal aos brasileiros e, em especial, aos amazônicos. Para constatar o fato, basta cotejar os indicadores sociais e econômicos dos estados da região amazônica. São os estados mais pobres, com os maiores índices de desemprego e os menores números de saneamento básico. O tal desenvolvimento sustentável dos povos da floresta foi e é apenas uma promessa vazia.
* Márcio Bittar é senador pelo MDB-AC
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