Renata Camargo e Eduardo Militão
Menos de uma semana após o primeiro turno das eleições municipais e ainda sob a agitação do segundo turno, a disputa pela presidência da Câmara e do Senado já sinaliza para um racha entre partidos da base aliada. E para embolar ainda mais as articulações, oposição e base reivindicam cargos em troca de apoio à candidatura do presidente do PMDB, Michel Temer (SP), que precisa da maioria para conquistar, pela terceira vez, a presidência da Câmara.
De olho no apoio da bancada mais numerosa da oposição – o PSDB, que conta com 59 deputados –, Temer já ofereceu o cargo de primeiro vice-presidente aos tucanos. Em contrapartida, o líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal (SP), que confirmou ao Congresso em Foco a articulação, garante apoio do partido à candidatura do presidente peemedebista. “Evidente que apoiando uma candidatura, um partido pleiteia o melhor lugar. E esse lugar, no que se vê, seria a primeira vice-presidência”, diz Aníbal.
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A busca de Temer por apoio, entretanto, esbarra no interesse da segunda bancada mais numerosa da Casa, o PT, com 79 representantes (número superado apenas pelo PMDB, que possui 95 deputados). Nos bastidores, os petistas também pleiteiam a primeira vice-presidência. Mas querem, ainda, comandar a poderosa primeira-secretaria. Temer já teria acordado com o PT a indicação para esse segundo cargo. “Estão gulosos demais os petistas. Eles que se contentem com o que têm”, disse Aníbal.
Acordo no Senado em risco
O líder do PT, Maurício Rands (PE), entretanto, não confirma que o partido pretende abocanhar a primeira-secretaria, cargo importante, espécie de "prefeitura da Câmara", responsável pela administração dos contratos da Casa. No entanto, admite que os petistas reivindicam dois cargos na Mesa.
"Como não teremos presidência, teremos dois cargos. Esse é o acordo", declarou Rands, que descarta qualquer arranjo sem o aval dos senadores do PMDB e do PT. "Tem que ser
No início do ano passado, os peemedebistas abriram mão de indicar candidato à presidência da Câmara em troca do apoio dos petistas à reeleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) como presidente do Senado. Pelo entendimento feito na época, o PT se comprometeria a apoiar o nome lançado pelo PMDB para suceder Chinaglia.
Os petistas, por sua vez, teriam o aval da maior bancada do Senado – de novo, o PMDB – para comandar a Casa no início de 2009. Hoje, o candidato do partido seria Tião Viana (AC). Mas, como revelou ontem (8) o Congresso em Foco, essa costura começa a ser desfeita, com a participação de Renan e José Sarney (PMDB-AP), que articulam a candidatura do ministro das Comunicações, o senador licenciado Hélio Costa (PMDB-MG) – leia mais.
Pequenos famintos
Mas o apoio em troca de cargo não tem sido moeda de troca exclusiva dos grandes partidos. O PSC, que hoje ocupa o cargo de 4º suplente de secretário, com o deputado Deley (RJ), também aspira uma vaga no comando da Mesa Diretora. Segundo o líder Hugo Leal (RJ), o partido “pode acompanhar” Temer na busca pela presidência, mas “vai depender de alguns fatores”.
“Já tive a oportunidade de conversar com o Temer. O caminho natural seria apoiar o PMDB. O partido ainda não se reuniu e, como você sabe, hoje temos a 4ª suplência. Então tudo vai depender de como o PMDB vai se comportar”, avisa Leal.
A pretensão de Temer à presidência da Câmara esbarra também na falta de unidade dentro do próprio PMDB e na fragilidade do acordo com o PT sobre a alternância para presidir as duas Casas.
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