A Polícia Federal afastou o segundo homem mais importante na hierarquia da instituição: o diretor-executivo da corporação, Zulmar Pimentel. A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o afastamento dele e de outros dois delegados por “terem vazados informações a cerca da Operação Navalha”.
Além disso, a ministra também mandou afastar outros funcionários públicos, cujos nomes não foram revelados. A ministra acredita que Zulmar vazou informações a respeito da Operação Octopus, embrião da Operação Navalha.
A investigação apurava a participação de policiais em um esquema de tráfico de influência com a construtora Gautama LTDA, acusada pela PF de chefiar a máfia das obras. Por conta da Octopus, o diretor-geral da corporação, Paulo Lacerda, mandou Zulmar exonerar o superintendente da PF do Ceará, João Batista Paiva Santana.
Para a ministra Eliana Calmon, grampos mostrariam que o diretor executivo vazou essa informação para Santana. A cúpula da PF defende Zulmar. No entanto, ele foi afastado por 60 dias para cumprir determinação judicial. Lacerda pediu à ministra do STJ os altos sobre os delegados afastados para abrir um procedimento administrativo.
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Os outros dois delegados afastados são Antônio César Nunes, superintendente da PF na Bahia; e Paulo Fernando Bezerra, secretário de Segurança Pública da Bahia e antecessor de Nunes.
Como Bezerra pertence ao governo da Bahia, a direção da PF informou à ministra que não é de sua competência afastá-lo de um cargo público. Em todos os casos de afastamento, os delegados e outros servidores públicos continuarão recebendo salário durante os 60 dias.
A investigação contra os delegados vai correr na Justiça Federal da Bahia. Por meio de assessoria, Eliana Calmon negou que tenha mandado quebrar o sigilo bancário de Zulmar Pimentel, César Nunes e Paulo Bezerra.
Substituições
Zulmar será substituído pelo diretor do departamento de Combate ao Crime Organizado da instituição, Getúlio Bezerra Santos. Na Bahia, quem assume é Joílson Ribeiro Alves.
Depoimentos
Amanhã, Eliana Calmon tomará os depoimentos do ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau; do governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB); do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT); e do ex-procurador-geral do Maranhão, Ulisses César Martins.
O depoimento do deputado distrital Pedro Passos (PMDB) não foi marcado até o início desta noite. Os depoimentos começam às 8h e estão previstos para acabarem à tarde. (Eduardo Militão)
Confira a íntegra da nota da Polícia Federal
NOTA À IMPRENSA
"A Ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça, determinou na noite de ontem, 28, o imediato afastamento de três servidores do Departamento de Polícia Federal pelo prazo de 60 dias.
Em cumprimento à decisão o Diretor-Geral da Polícia Federal determinou o retorno a Brasília do Diretor Executivo do DPF, Delegado Zulmar Pimentel dos Santos, e do Superintendente Regional da Polícia Federal na Bahia, Delegado Antonio César Nunes, que se encontravam em Manaus, a fim de que fossem cientificados da decisão de afastamento do cargo. Quanto ao terceiro nome relacionado na determinação da Ministra-Relatora do caso, a medida é inaplicável pois o Delegado Paulo Fernando Bezerra no momento não ocupa função no DPF, estando atualmente cedido ao Governo da Bahia.
Ainda em virtude do posicionamento da Excelentíssima Ministra-Relatora do Inquérito da Operação Navalha, a Direção-Geral do Departamento de Polícia Federal tomou as seguintes medidas:
1. Solicitar oficialmente à Ministra-Relatora do Inquérito Judicial o envio de peças da investigação que estejam relacionadas aos servidores do DPF, bem como a autorização para que os documentos sob segredo de justiça sejam utilizados com a finalidade de instaurar o procedimento administrativo disciplinar cabível.
2. Assumem interinamente os cargos cujos titulares foram afastados o DPF Getúlio Bezerra Santos, Diretor Executivo em Exercício; e o DPF Joílson Ribeiro Alves para o cargo de Superintendente Regional do DPF na Bahia em Exercício."
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Em nota, Jackson Lago rebate acusações da PF
Em nota publicada em diversos jornais hoje (29), o governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), rebateu acusações de que teria recebido, por intermédio de dois sobrinhos, propina da quadrilha desbaratada pela Polícia Federal na Operação Navalha. No documento, o governador afirma que as denúncias contra ele são fruto de "deduções".
"As denúncias apresentadas contra o governador Jackson Lago baseiam-se em deduções a partir de gravações de terceiros, inexistindo uma única fala do próprio governador, ou testemunho de terceiros, que confirme a denúncia apresentada pela autoridade policial. Não há referência nas transcrições das gravações, em nenhuma parte do processo, a qualquer pagamento feito a qualquer título ao governador do Estado do Maranhão. O governador não consta da lista de 47 nomes listados pela Polícia Federal e encaminhada pelo Procurador ao Superior Tribunal de Justiça (STJ)", diz o texto.
Lago também garante que, ao contrário do que foi veiculado pela imprensa, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Sousa, não pediu sua prisão. "O Ministério Público Federal não pediu a prisão do Dr. Jackson Lago, contrariando o que foi amplamente veiculado pela imprensa. Também não houve contra ele qualquer pedido de bloqueio de bens ou saldos em contas correntes, seja pelo Procurador, seja pela ministra [Eliana Calmon, relatora do inquérito]".
A nota se refere à informações de que a prisão do governador foi pedida, mas o STJ negou o mandado porque a Constituição Estadual do Maranhão prevê que governadores só podem ser presos em flagrante.
O governador afirma, ainda, que nunca se encontrou com os sobrinhos em hotel de Brasília, onde, segundo a Polícia Federal, teria recebido a propina. "Apesar de rastreado pelas câmeras de segurança do hotel, não há uma única imagem em que apareça qualquer dos dois sobrinhos acusados com o governador".
Jackson Lago também rebateu as a
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