O ex-militante estudantil Paulo Batista da Silva afirmou que entregará amanhã (25) ao Ministério Público Federal e Eleitoral de Pernambuco provas contra o ex-presidente regional do PSB Milton Coelho, que pediu ontem (23) afastamento do cargo. Segundo Paulo, o candidato a deputado estadual está envolvido na articulação de um esquema de desvio de recursos públicos no valor de R$ 1 milhão para financiamento da sua campanha.
De acordo com Paulo, gravações de conversas entre ele e Milton Coelho, além da mulher do ex-presidente, Simone Coelho, revelariam a intenção do candidato de receber propina da empresa paulista Conceito Consultoria em Eventos Ltda. em troca da instalação de uma pista de kart no gelo durante o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1.
A obra, inicialmente orçada em R$ 4,5 milhões, seria superfaturada em R$ 1 milhão, indo para R$ 5,5 milhões.
Segundo Paulo, que é representante da empresa, o projeto já tinha sido apresentado à Petrobras, que não demonstrou interesse. Ele então foi orientado a buscar apoio político à obra. Por meio de um amigo ligado ao PSB, Paulo fez os primeiros contatos com integrantes da legenda. Entretanto, disse que quando percebeu que eles queriam dinheiro para a campanha, começou a gravar as conversas.
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"Leva uma sacolinha"
Segundo Paulo, em uma das conversas gravadas, Simone Coelho pediu R$ 1 milhão. Metade do valor seria adiantado (R$ 350 mil como contribuição legal à campanha do marido e R$ 150 mil por fora, sem recibo, em espécie) e os outros R$ 500 mil, pagos depois da aprovação do projeto.
No dia 13 de setembro, Milton Coelho disse em um telefonema como seria feito o pagamento dos R$ 150 mil em espécie. "A gente vai fazer assim: você leva uma sacolinha e eu levo uma sacolinha. Aí a gente senta, toma um café, demoramos 10, 15 minutos e na hora de ir embora eu pego a sua sacolinha e você pega a minha", explicou.
Armação
Em entrevista coletiva na noite de sábado (23), Milton Coelho afirmou ser vítima de uma armação orquestrada por adversários políticos. "Foi um processo de extorsão frustrado e os mandantes da trama editaram as gravações", disse.
Segundo ele, um amigo da Polícia Federal, cujo nome não revelou, o aconselhou a manter as negociações com Paulo para que fosse realizada uma prisão em flagrante, no momento da entrega dos R$ 150 mil.
Milton Coelho ainda disse que Paulo era "um maltrapilho, um louco" e garantiu que foi ele quem "propôs a sacolinha". Segundo o deputado, ele sabia desde o início que se tratava de "um agente plantado" a serviço de adversários e que a intenção dele era desmascarar a trama.
"O PSB está ficando igual ao PT"
A coligação União Por Pernambuco (PFL / PMDB / PSDB) quer que a Polícia Federal investigue logo o "escândalo da sacolinha". O ex-governador e candidato ao Senado Jarbas Vasconcelos (PMDB) afirmou que é necessário esclarecer o mais rápido possível o caso, que pode revelar um "suposto tráfico de influência na Petrobras".
"Temos que tirar isso a limpo. O PSB está ficando igual ao PT. Quando é pego cometendo alguma irregularidade, vai logo culpar a imprensa, a elite, os opositores", criticou Jarbas.
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