Ricardo Taffner
Para o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), o apoio declarado ontem pelo PMDB à candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) ainda não garante a eleição do petista à presidência da Câmara. Na avaliação de Berzoini, os votos dos peemedebistas são “importantíssimos”, mas ainda falta a manifestação dos demais partidos da base aliada.
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Conquistado o apoio da maior bancada, o próximo passo agora, segundo ele, é demover o atual presidente, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), da idéia de disputar a reeleição. “É um resultado positivo, mas continuamos na luta em torno da candidatura única. Arlindo conseguiu realmente um grande apoio para a candidatura dele, mas precisamos continuar articulando para que chegar ao entendimento da base em torno de um só nome”, disse o ex-ministro da Previdência e do Trabalho nesta entrevista exclusiva ao Congresso em Foco.
Apesar de defender a candidatura única, o presidente do PT admite que a base aliada pode se dividir novamente nas eleições da Câmara, a exemplo do que ocorreu em 2005, quando Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), candidato do Planalto, e Virgílio Guimarães (PT-MG) perderam para Severino Cavalcanti (PP-PE).
“O ideal para a coalizão do governo é que nós tenhamos uma única candidatura da base, mas não podemos trabalhar só com o ideal, temos que trabalhar também com a realidade. Vamos trabalhar para que nós possamos construir num prazo mais breve possível uma candidatura única. Se não for possível, vamos estabelecer as condições para que a vitória do nosso candidato possa se dar no processo eleitoral para a mesa da Câmara.”
Mesmo nesse cenário, afirma Berzoini, deve prevalecer uma disputa de “alto nível”. Contrário às candidaturas de Chinaglia e de Aldo, um grupo de parlamentares, inclusive da de legendas da própria base, tem articulado a discussão sobre a possibilidade do lançamento de um nome da chamada “terceira via”.
“O ambiente é outro, o momento é outro e a candidatura do Arlindo tem intensidade suficiente para conquistar maioria na Câmara a partir da interlocução que ele vem fazendo com diversos deputados”, desconversa o presidente do PT sobre a possibilidade de surgir um novo Severino na disputa.
Dossiê
Berzoini está de volta ao comando do PT depois de passar quase quatro meses afastado da presidência da legenda por causa do envolvimento de seu nome no escândalo do dossiê Vedoin. Na época, ele também era coordenador da campanha à reeleição do presidente Lula.
Para amenizar o impacto da denúncia sobre a candidatura petista, o deputado se viu obrigado a se afastar dos dois postos até a finalização das investigações da Polícia Federal sobre o caso. O que aconteceu em dezembro sem o indiciamento de Berzoini.
O retorno do deputado à principal cadeira do partido não foi dos mais tranqüilos. O secretário de Relações Institucionais do PT, Valter Pomar, por exemplo, criticou publicamente a sua volta. Em defesa dele, por outro lado, saíram o ministro Tarso Genro e o deputado cassado José Dirceu.
“O partido tem a tradição do contraditório e de uma vida política interna muito ativa. Nesse caso especificamente, eu respeito a opinião daqueles que manifestaram divergência, mas reafirmo que só fiz o que foi combinado, ou seja, cumpri as condições para o meu retorno.”
Agora, Berzoini diz que deseja garantir metas importantes da agenda do PT como o governo de coalizão, o restabelecimento da imagem do partido e a promoção das estratégias para as eleições de 2008 e 2010. Nesse sentido, a legenda realiza um congresso em julho deste ano para avaliar a própria atuação nos últimos quatro anos.
Governo
Na formação do governo, o presidente do PT afirma que o partido não vai entrar na briga por espaço e que o importante é a divisão de pastas e responsabilidades. “O PT não vai agir de uma maneira hipócrita em relação a essa questão, mas não prioriza uma visão apenas de número de ministérios ou diretorias de empresas que possa estar indicando. Nós preferimos tratar a coalizão como algo mais complexo e mais integrado do que a mera soma de partidos políticos”, disse.
Nesta entrevista, Berzoini diz ainda que o próximo presidente da Câmara deve trabalhar em sintonia com o governo a favor do país, mas não deve se comportar como se a Casa fosse um “órgão” do Executivo. O deputado também defende a equiparação dos salários entre as cúpulas dos três Poderes. “Para mim, a questão mais relevante não é o quanto, mas saber qual é o critério para definir a remuneração dos membros dos poderes.”
Leia a entrevista:
A sua volta à presidência do PT nesse momento teve algum motivo particular?
Na verdade, quando eu me licenciei eu estabeleci condições que era a conclusão das investigações a respeito daquele episódio lamentável. E estava aguardando somente isso, porque o meu compromisso é evidentemente com o processo eleitoral que eu participei e pelo qual eu fui eleito para presidente do partido. Portanto não haveria nenhuma razão para adiar. Até porque nós estamos envolvidos com vários assuntos importantes, no caso do PT, que merecem a atenção da presidência do partido. O próprio presidente Marco Aurélio Garcia, que me substituiu, já havia manifestado o desejo de que fosse mais breve possível a sua interinidade. Então, já temos agora a situação de pleno exercício da presidência do PT e a discussão da agenda política do país e da base a partir de janeiro.
A volta do senhor causou algumas divergências internas. Até que ponto isso é salutar para o debate e até que ponto é prejudicial para o partido?
O partido tem a tradição do contraditório e de uma vida política interna muito ativa. Nesse caso especificamente, eu respeito a opinião daqueles que manifestaram divergência, mas reafirmo que só fiz o que foi combinado, ou seja, cumpri as condições para o meu retorno.
Qual a sua avaliação a respeito do relatório final da Polícia Federal sobre o dossiê?
Eu não analiso. Até porque como meu nome foi colocado muitas vezes, injustamente inclusive, por setores da mídia, eu trabalho com a idéia de que o resultado no que tange a minha pessoa é aquele que está colocado no relatório. Não vou analisar outros aspectos até porque acho que agora nós temos que pensar pra frente e projetar a ação política do partido.
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) enviou um relatório ao Ministério Público, sobre o caso do dossiê, responsabilizando o senhor pelo caso. Como o senhor vê isso?
Eu acho que é natural. Ele participou de uma CPI e talvez não concorde com o relatório da CPI, apesar da votação ter sido por unanimidade. É um direito que lhe assiste de mandar qualquer tipo de avaliação para quem quer que ele acredite que deva ter ciência dessa avaliação pessoal dele.
Qual é a agenda do PT? Quais são as metas para o futuro do partido?
A principal meta é tratar dessa questão imediata em relação à presidência da Câmara. Não como uma necessidade ou obsessão do PT, mas como uma questão importante para o sucesso da coalizão. Além disso, planejar a relação com o governo e com os partidos da coalizão. Restabelecer um clima de credibilidade e compromisso político. Simultaneamente, buscar programar uma vida partidária intensa com o congresso do partido, que vai ser em julho, com a necessidade de fomentar um debate muito consistente sobre o balanço desses quatro anos de governo Lula. Balanço da participação do partido e da maneira como o partido pôde trabalhar os aspectos positivos e negativos. E também atualizar o programa político do partido e as estratégias para as eleições de 2008 e de 2010.
A respeito da disputa pela presidência da Câmara, hoje se discute a possibilidade do lançamento de uma candidatura chamada de “terceira via”. Esse movimento conta com alguns deputados de partidos aliados que fazem oposição aos nomes de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP). Como o senhor vê essa possibilidade?
Eu acredito que os dois candidatos que estão colocados para a eleição da mesa da Câmara são pessoas com trajetória política e história. A candidatura do deputado Arlindo Chinaglia, que tem o apoio do PT, não se justificaria apenas pelo apoio do PT. Ela só surgiu porque houve uma movimentação de deputados de vários partidos. O ideal para a coalizão do governo é que nós tenhamos uma única candidatura da base, mas não podemos trabalhar só com o ideal, temos que trabalhar também com a realidade. Vamos trabalhar para que nós possamos construir num prazo mais breve possível uma candidatura única. Se não for possível, estabelecer as condições para que a vitória do nosso candidato possa se dar no processo eleitoral para a mesa da Câmara. O que acho fundamental é que haja um ambiente de muito respeito e de muito entendimento entre os partidos da base no sentido de que a coalizão é fundamental para termos o segundo mandato com ainda mais realizações e com melhorias das condições econômicas e sociais do país.
Então o PT não teria nenhum problema
Não, veja bem. Não posso em hipótese alguma entrar nesse mérito. Até porque a candidatura não é do PT. É um deputado do PT que tem o apoio do partido. Mas é uma candidatura que tem hoje um apoio muito grande na Câmara dos Deputados. Então, quando eu digo que o ideal é termos uma candidatura única, evidentemente eu trabalho de um ponto de vista. Evidentemente, respeitando aqueles que entendem que essa candidatura única se materializaria na candidatura do deputado Aldo Rebelo.
Quem está com essa decisão hoje?
Não é nenhum partido especial. É óbvio que o PMDB tem um papel importantíssimo pelo tamanho da sua bancada e pela, digamos, capilaridade que o partido tem. Mas ninguém tem essa decisão como digamos prioridade. Não tem nenhum partido que tem prioridade nesse processo. Os partidos estão buscando discutir internamente. E com certeza, daqui até o final de janeiro vão amadurecer suas posições. Se for possível uma única candidatura na base do governo, ótimo. Se não for possível, tem que se trabalhar com a realidade e buscar construir um ambiente de disputa de alto nível.
Qual a importância do resultado da votação do PMDB a favor da candidatura do deputado Chinaglia?
É um resultado positivo, mas continuamos na luta em torno da candidatura única. Arlindo conseguiu realmente um grande apoio para a candidatura dele, mas precisamos continuar articulando para chegar ao entendimento da base em torno de um só nome.
Então o apoio do PMDB ainda não resolveu a questão?
É um apoio muito importante para o Arlindo, mas ainda precisamos conversar com os outros partidos. Queremos a unidade não só do PMDB, mas do PSB, PDT e de todos os partidos da base.
Quais são os passos que precisam ser dados agora? O que o senhor como presidente do PT pode fazer nesse sentido?
Estamos todos trabalhando nesse sentido. Acho que todos os presidentes de partido entendem que a candidatura única é o cenário ideal. E nós acreditamos que isso tem que ser construído através do convencimento de qual é a candidatura mais viável. Esse é um trabalho cotidiano de conversa e articulação, de busca de diálogo com partidos e segmentos de partidos e respeitando sempre a dinâmica de cada um.
O senhor não teme que essa indefinição e o lançamento de uma terceira candidatura não possam causar um efeito semelhante à eleição do Severino Cavalcanti?
Eu acredito que não. O ambiente é outro, o momento é outro e a candidatura do Arlindo tem intensidade suficiente para conquistar maioria na Câmara a partir da interlocução que ele vem fazendo com diversos deputados.
O senhor poderia adiantar mais alguma coisa sobre a disputa pela presidência da Câmara?
Não, não. Na verdade o processo está em pleno curso. Hoje (terça) teve uma reunião importantíssima que foi a reunião do PMDB. E acho que nós temos um ambiente positivo. Nós tivemos ontem (segunda) uma reunião muito boa. Embora com posições muito diferentes, com clima de muita unidade e uma consciência de todos que a coalizão é uma experiência que se bem sucedida pode abrir o novo período da política brasileira.
E no Senado, está certo que a presidência vai ser realmente do PMDB?
Acho que há uma tendência forte nesse sentido de que o Senado seja presidido pelo PMDB. Não vejo no horizonte grandes ameaças nesse cenário.
E como está a questão interna do PT sobre todas essas decisões. Está havendo unidade?
Sim. Há um ambiente de grande unidade. Não percebo nenhuma divergência do partido em relação a esse encaminhamento.
Esse trabalho de convencimento da base em torno de um único nome na Câmara envolve também a articulação com o governo?
O governo evidentemente tem um peso, mas a disputa é dentro do parlamento. O governo sempre terá um peso importante, mas nesse caso de eleição da mesa o que prevalece mais é a dinâmica do parlamento.
Na avaliação do senhor, quais características fundamentais deve ter o novo presidente da Câmara?
Acho que a trajetória, autoridade política, bom relacionamento com os deputados dos partidos e o compromisso de que vai conduzir a Casa no interesse do parlamento. Acho que essa idéia de que o parlamento deva ser respeitado como uma instância de poder dentro da repartição dos poderes, e que ele deva ter sua agenda própria, suas iniciativas próprias, é muito importante para quem for presidir a Casa.
Não pode ser encarado como mais uma pasta do governo. É isso?
Acho que os presidentes da Câmara e do Senado têm que manter um relacionamento de autonomia com o governo, evidentemente de colaboração e cooperação naquilo que é necessário para o país, mas sempre com autonomia para reforçar a idéia da independência dos poderes.
Nos interesses do parlamento que devem ser observados pelos próximos presidentes, o senhor acha que cabe o reajuste com a equiparação salarial dos parlamentares?
O que eu entendo, e já disse isso em outras ocasiões, é que os poderes devem ter a mesma remuneração. Não me pergunte qual é a remuneração mais justa. Sinceramente, eu não saberia dizer. Mas não me parece correto que um ministro de estado ganhe um terço do que recebe um membro da cúpula do poder Judiciário. E olha que só me referi à comparação entre o Executivo e o Judiciário, para não citar o Legislativo. Para mim, a questão mais relevante não é o quanto, mas saber qual é o critério para definir a remuneração dos membros dos poderes.
Entrando agora nessa questão do governo, como vai ser a relação do partido com o governo a partir de agora? Muito se fala em “despetização”. Como vai ser a participação efetiva do PT?
Primeiro, esse negócio de “despetização” é uma bobagem que o próprio presidente Lula já repeliu. A verdade é que nós não podemos em hipótese alguma aceitar uma visão economicista ou matemática da participação no governo. O PT não vai ficar contabilizando número de ministérios, ou número de cargos, para ver se tem uma boa participação ou não no governo. O PT prefere analisar politicamente, o que é mais complexo, qual é a forma de construir um ambiente de coalizão onde todos sejam contemplados e tenham responsabilidades para com o governo. Isso evidentemente vai resultar num desenho que o presidente Lula com certeza vai fazer um arremate final e que será uma resultante política e não matemática da participação. Não acredito em contabilidade nesse caso, acredito muito mais na riqueza política de um processo de coalizão que tem hoje dez partidos e que tem um clima interno muito positivo até agora, e creio que vai perdurar porque todos têm maturidade para viabilizar essa construção.
Então para o PT não importa a questão de aumentar ou diminuir o espaço?
Isso não é matemático. O espaço político é mais importante do que o espaço de visão administrativa apenas do processo. Óbvio que o PT tem interesses, como todos os partidos. O PT não vai agir de uma maneira hipócrita em relação a essa questão, mas não prioriza uma visão apenas de número de ministérios ou diretorias de empresas que possa estar indicando. Nós preferimos tratar a coalizão como algo mais complexo e mais integrado do que a mera soma de partidos políticos. Mais esforço de partidos para construir uma base que consiga sustentar politicamente o governo.
O senhor tem conversado com o presidente Lula a esse respeito?
Conversei mais de uma vez com ele sobre isso e me parece que a visão dele é exatamente a mesma. Que nós temos que construir uma base onde todos se sintam contemplados e todos se sintam responsáveis.
E o senhor volta a participar do governo?
Não. A minha responsabilidade é como dirigente do PT e como deputado federal. Se eu voltasse ao partido agora pensando em participar do governo, seria uma irresponsabilidade com o meu partido.
O senhor continua na presidência durante quanto tempo?
O mandato vai até 2008. Qualquer modificação do calendário depende do congresso do partido e ainda não há, na minha avaliação, um consenso em torno dessa matéria. Nem para reduzir o mandato, nem de quanto tempo, caso houver redução. Até porque não é um mandato apenas da direção nacional, mas é o mandato de 60 mil dirigentes partidários municipais, estaduais, nacionais e em alguns locais, inclusive, mandatos zonais.
Então ainda não foi confirmada a antecipação das eleições?
Depende do congresso do partido e de quais propostas aparecerão. Daqui até lá tem muito tempo para discutir isso. Eu pessoalmente defendo que não coincida com as eleições municipais, o que resultaria numa antecipação de pelo menos alguns meses. Mas isso é uma questão que para mim não é prioridade agora. Minha prioridade é tratar da agenda mais imediata que é a preparação do Congresso, a eleição da mesa da Câmara e do Senado e a discussão com os demais partidos sobre a coalizão que sustenta o governo.
Foi noticiado que o PT deve, hoje, R$ 50 milhões. Como fazer para saldar essa dívida?
Não confirmo esse valor em dados exatos porque ainda não discuti isso com ninguém. Mas a nossa dívida antes da campanha era próxima a isso e creio que dentro do que conseguimos pagar e de outras dívidas contraídas o valor é bastante factível. A meta é continuar gerindo com responsabilidade de partido e com plenas condições para que a dívida possa ser paga. Evidentemente que o pagamento não é em curto prazo, mas em longo e médio prazo, mas dando credibilidade à capacidade de pagamento do partido.
O senhor falou que há a necessidade do PT fazer uma avaliação sobre a participação do partido no governo nesses últimos quatro anos. O senhor tem condições de fazer hoje esse balanço?
Esse é um tema muito mais complexo do que comporta uma resposta a uma entrevista. Mas o que eu posso dizer com bastante segurança é que o PT amadureceu muito nesse período e teve uma participação importantíssima nas políticas que o governo formulou e implantou, tanto na área social quanto na área econômica. A situação do Brasil hoje, em termos de condições para abrir um período forte de crescimento e de continuar reduzindo a desigualdade é resultado da participação de todos os partidos que apóiam o governo. E o PT é um partido importante nesse processo e deve buscar fazer essa reflexão com muita serenidade. Uma vez que não é fácil para qualquer governo chegar ao nível de popularidade que o presidente Lula tem hoje, quanto mais um governo que esteve durante muito tempo no cerco político muito grande da oposição e de setores da mídia.
O que deve ser prioridade neste segundo mandato?
A prioridade é aquilo que o presidente já estabeleceu, ou seja, crescer com distribuição de renda, buscando aperfeiçoar a mais importante das ferramentas para redução da desigualdade social que é a educação. Acho que esses são os elementos que o presidente já havia definido durante a campanha e nós apoiamos e vamos continuar a apoiar.
Comenta-se que o senhor continua bem cotado com o presidente e conta com o aval dele. Mas, também, que isso tem entusiasmado outros petistas a voltarem à cena. O próprio José Dirceu tem dado sinais sobre a vontade de retornar à atuação partidária. Como o senhor vê esse retorno? Acredita que possa gerar alguma crise no partido?
Não, acho que muitas vezes aquilo que se trata como crise é o debate natural de um partido de esquerda como o PT. O Zé Dirceu teve um papel importantíssimo na construção do partido. Foi um presidente reconhecido por ter ajudado na estratégia que levou o PT à Presidência da República e nós acreditamos que o debate sobre uma proposta eventual de anistia política a ele é um debate democrático da sociedade. Se a sociedade entender que isso é uma proposta correta, ela vai se manifestar e vai ter repercussão no parlamento. Acredito que nunca podemos aceitar a demonização das pessoas como método ao debate político.
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