Folha de S. Paulo
Fornecedores da Petrobras pagaram R$ 35 mi a doleiro
Nove fornecedores da Petrobras depositaram R$ 34,7 milhões na conta de uma empresa de fachada controlada pelo doleiro Alberto Youssef, segundo laudo da Polícia Federal obtido pela Folha.
A confissão de que a empresa não tem atividade de fato foi feita por um empregado do doleiro, Waldomiro de Oliveira, em nome de quem a MO Consultoria está registrada na Junta Comercial de São Paulo. A Folha teve acesso ao depoimento do funcionário, que decidiu colaborar com a PF na tentativa de receber uma pena menor.
A polícia suspeita que a MO Consultoria servia para repassar propina para funcionários públicos e políticos. Outro laudo aponta que passaram por essa empresa um total de R$ 90 milhões entre 2009 e 2013.
Segundo relatório da PF, há “fortes indícios da utilização das contas da empresa para trânsito de valores ilícitos”. A consultoria foi descoberta pela PF durante a investigação da Operação Lava Jato, que apura lavagem de dinheiro com uso simulado de importação e exportação.
Em PE, Campos transforma ato de renúncia em comício
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O presidenciável Eduardo Campos (PSB) transformou a solenidade de renúncia ao governo de Pernambuco, ontem, em comício de lançamento de sua candidatura ao Palácio do Planalto.
Em palanque montado diante do Palácio Campo das Princesas, sede do governo, ele criticou o governo federal, citou as manifestações de junho e disse que a economia do país perdeu o rumo.
“A juventude demonstrou sua inquietação com os descaminhos da economia e o recrudescimento da inflação. As ruas foram inequívocas na rejeição à corrupção e escancararam a urgente necessidade de profundas mudanças nas instituições e nas práticas políticas”, afirmou.
O ex-governador disse que há um “clamor coletivo” por avanço e que o brasileiro que melhorou de vida “não se contenta meramente em sair da linha da pobreza”. “Há um sentimento generalizado de que o país, depois de um período de avanços, parou de melhorar.”
Cid descarta deixar governo do CE e impede Ciro de disputar Senado
O governador do Ceará, Cid Gomes (Pros), anunciou ontem que não irá renunciar ao mandato. Ele ainda não definiu qual nome apoiará na disputa pela sucessão.
Em nota, Cid afirmou que é seu dever continuar no governo. Disse ainda que pretende “aperfeiçoar obras públicas” e entregar o Ceará “em boas mãos” até o fim do mandato.
Até recentemente, Cid sinalizava que poderia renunciar para viabilizar a candidatura de seu irmão Ciro Gomes (Pros) ao Senado, que agora está fora de cogitação –pela lei eleitoral, são inelegíveis parentes consanguíneos de presidentes, governadores e prefeitos.
Em resposta a Barbosa, Agnelo nega regalias
Em resposta a ofício enviado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), negou a existência de regalias a condenados do mensalão presos em Brasília.
Segundo ele, Barbosa tem a “obrigação de informar” onde e quando ocorreram as supostas irregularidades.
No ofício, o presidente do STF questionou se havia sido instaurada apuração sobre denúncias de regalias.
PSB vai entregar cargo no governo Alckmin
A direção nacional do PSB decidiu entregar o comando da Secretaria de Turismo de São Paulo. O desembarque da administração estadual deve ser informado ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) pelo presidente da legenda e candidato ao Palácio do Planalto, Eduardo Campos.
O encontro está programado para a segunda metade deste mês, quando Campos se instalará permanentemente na capital paulista para tocar sua campanha.
O atual secretário, Cláudio Valverde (PSB), deverá ser substituído por um técnico.
Despedida de governador vira palanque para Aécio
O senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, quebrou o protocolo, discursou e recebeu todos os holofotes na cerimônia de transmissão do cargo de governador de Minas do tucano Antonio Anastasia (PSDB) para Alberto Pinto Coelho (PP).
Até então, apenas o governador empossado e o que saía discursavam na transmissão do cargo. Ao justificar sua presença na solenidade, ainda em discurso, o senador disse que estava ali para falar do “orgulho” que sente por Anastasia, que agora deixa o cargo para coordenar o programa de governo do presidenciável tucano. Ele deverá também sair candidato ao Senado.
Antes da cerimônia, em entrevista, Aécio afirmou que a presidente Dilma Rousseff (PT) não tem preparo para comandar o país. Ele ressaltou, no entanto, que ela é uma mulher “proba e de bem”.
PSDB vai à Justiça contra revista que traz Pimentel pedindo voto
Uma revista mineira espalhou outdoors e anúncios em ônibus que circulam por Belo Horizonte com o título “Pimentel quer o seu voto” e a foto do pré-candidato do PT ao governo do Estado.
O anúncio gerou a acusação de propaganda eleitoral antecipada, sendo que o PSDB, adversário de Fernando Pimentel, prometeu entrar na próxima segunda-feira com representação na Justiça Eleitoral contra o ex-ministro e a revista “Impactto”.
A legislação permite a propaganda de candidatos somente a partir de julho.
Tucano eleva dívida e gastos com servidores
Com dívida alta e gastos com pessoal no limite de alerta, o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), aposta em empréstimos internacionais para tocar, no final do mandato, obras prometidas durante a campanha.
Esperava-se que o tucano deixasse o cargo neste mês para se candidatar ao Senado, mas ele decidiu permanecer no posto até dezembro –em segundo mandato, não pode mais se reeleger.
Nesse período, pretende tirar do papel projetos como o do Hospital Metropolitano de Maceió, que encabeçava sua lista de compromissos em 2010. A construção, orçada em R$ 80 milhões, ainda está em fase de licitação.
Quem quebrou o Brasil foi Geisel, afirma Delfim
A resistência do ex-presidente Ernesto Geisel em abrir a exploração do petróleo à iniciativa privada quando comandou a Petrobras, no governo Médici, levou a economia brasileira à falência no fim da década de 70.
A afirmação é do economista Antonio Delfim Netto, ex-ministro de diversas pastas da área econômica durante o regime militar.
“Quem quebrou o Brasil foi o Geisel”, diz Delfim.
Dependente da importação da commodity, o Brasil sofreu as consequências das fortes altas de preços ocorridas em 1973 e 1979.
Folha – Qual era a situação econômica quando o senhor assumiu a Fazenda?
Delfim Netto – A situação econômica estava caminhando. Você tinha na verdade uma grande modernização da economia. Mas tinha grandes problemas também.
Folha – Por que vocês reverteram a decisão do governo Castello de dar independência ao BC?
Delfim – Você estava com uma recessão profunda, um desemprego terrível e o Banco Central insistia em fazer uma política econômica restritiva com o objetivo de mudar a expectativa inflacionária. O custo disso era uma barbaridade. Então foi isso que acabou com a tal independência.
Folha – O aumento da concentração de renda incomodava?
Delfim – A desigualdade incomoda. Como você não podia atacar outra coisa, o processo político transformou a desigualdade numa coisa muito mais significativa porque todos estavam melhorando. Todos melhoraram, só que uns melhoraram mais do que os outros e a distância entre nós estava crescendo.
Contrato de R$ 34 milhões da Saúde é alvo da CGU
Pesa sobre um contrato de R$ 34 milhões para fornecer carros com motorista ao Ministério da Saúde a suspeita de ter havido fraude na licitação com a participação de servidores.
Esse é um dos alvos da devassa que a Controladoria-Geral da União faz em licitações na saúde indígena, revelada pela Folha no mês passado. O próprio ministério admite haver “falhas” e “oscilação expressiva” nos valores dos contratos.
Oito servidores já foram afastados preventivamente, mas a CGU não informa os nomes dos investigados.
O Estado de S. Paulo
Seis governadores desistem das urnas
Seis governadores decidiram permanecer no cargo até o fim do ano e começarão 2015 sem mandato eletivo. O número dobrou em relação a 2010, quando três chefes de Executivo não renunciaram para disputar as eleições naquele ano. Por outro lado, sete governantes renunciaram para saírem candidatos ou para que parentes entrem na corrida eleitoral.
A legislação exige que ocupantes de cargos no Executivo – tanto secretários e ministros como governantes e vices – deixem os postos seis meses antes da votação. Esse prazo termina neste sábado, mas as renúncias precisam ser confirmadas em dia útil, por isso, na prática todos precisaram se decidir até esta sexta.
O cearense Cid Gomes (Pros) e a maranhense Roseana Sarney (PMDB) foram os últimos a confirmar a permanência em seus respectivos governos.
Outro que desistiu de se candidatar em outubro é André Puccinelli (PMDB). Jaques Wagner (PT-BA), Silval Barbosa (PMDB-MT) e Teotonio Vilela Filho (PSDB-AL) já haviam dito que não sairiam candidatos.
Lula se reúne com Dilma e diz que é preciso evitar CPI
Em encontro de três horas, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversaram nesta sexta-feira, 4, a sós sobre a crise política e a tentativa da oposição de instalar uma CPI da Petrobrás para fustigar o governo na campanha eleitoral. Lula avalia que o Palácio do Planalto deve fazer de tudo para segurar a CPI, considerada uma “arma” perigosa na direção de Dilma.
A reunião entre a presidente e seu padrinho político ocorreu em um elegante hotel da zona sul de São Paulo e foi a primeira depois que veio à tona a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, pela Petrobrás. O negócio é investigado pelo Ministério Público Federal e pelo Tribunal de Contas da União por suspeitas de superfaturamento.
Na avaliação de Lula, Dilma está na defensiva e precisa reagir, intensificando viagens para mostrar que o governo está fazendo. Para ele, a campanha começa a esquentar agora, porque, lém do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Dilma terá em seu encalço o presidente do PSB, Eduardo Campos, que deixou o governo de Pernambuco nesta sexta.
Graça Foster desiste de ir à CAE do Senado na terça
A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, desistiu de comparecer à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado na próxima terça-feira para explicar as denúncias que envolvem a estatal. Na semana passada, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), havia anunciado a ida de Graça Foster ao colegiado numa “clara demonstração” de que o governo estava interessado em falar sobre os fatos da estatal petrolífera.
A articulação, que também previa o depoimento do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, tinha por objetivo esvaziar a articulação dos oposicionistas para criar uma CPI da Petrobras. A ação ocorreu logo após a revelação do jornal O Estado de S. Paulo de que a presidente Dilma Rousseff, quando era presidente do Conselho de Administração da estatal, aprovou a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), com base em um resumo falho e incompleto.
O Globo
Para ex-diretores do Ipea, erro foi grotesco e que órgão perdeu o foco
Depois de o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) anunciar que havia se equivocado na divulgação dos resultados da polêmica pesquisa sobre violência contra a mulher, ex-diretores do órgão e especialistas em pesquisas de opinião se debruçaram sobre o assunto e deram duros vereditos sobre o caso. Para Edson Nunes, que foi vice-presidente executivo do órgão entre 1985 e 1994, o Ipea pode ter cometido esse “erro grotesco e banal” porque trabalhou “fora de seu foco”.
— Esse erro que acabaram de anunciar é grotesco e banal. É lamentável — disse Nunes, classificando a entidade como sendo uma das “de mais alta lisura e resistência” do país: — Uma pesquisa desse tipo tem que passar por muitas mãos e ser fartamente revista antes de ser divulgada. Então, o primeiro ponto a ser apontado aqui é que a respeitabilidade do Ipea sofre muito com essa falha. Depois, que esse erro tem muito a ver com o trabalho em si. O Ipea não tem a tradição de fazer pesquisas de opinião. No Brasil, temos meia dúzia de entidades que fazem esse trabalho muito bem: o Ibope, o Datafolha, o Vox Populi… O Ipea trabalha com dados econômicos e parece que está fora de seu foco.
Nunes, que diz não ter memória de um desmentido desse porte no país, também critica a escolha do tema que foi pesquisado. Para ele, o assunto não estaria na seara de domínio dos pesquisadores do Ipea:
— Essa escolha foi péssima, e o resultado agrediu homens e mulheres. Tanto foi assim que todo mundo do ramo ficou com uma pulga atrás da orelha depois de ouvir os resultados da pesquisa e acabou indo atrás da metodologia deles para ver onde tinham errado. Mas, esse erro aí, nós nunca pegaríamos. Eles trocaram a pergunta 23 com a pergunta 24, e os resultados saíram trocados.
A deputada estadual Aspásia Camargo (PV-RJ), que presidiu o Ipea entre 1993 e 1995, também lamentou o erro cometido e revelado pelo instituto.
— Certamente o que aconteceu ali foi um misto de cansaço, com a existência de equipes pequenas, trabalhando sobre coisas muito complexas. Para mim, faltou um leitor externo que pedisse aos pesquisadores mais certeza sobre suas conclusões — ponderou ela: — Se eu ainda estivesse na presidência do instituto, sendo mulher e bisbilhoteira como sou, teria me trancado numa sala com esse trabalho e duvidado dele. A gente tem que desconfiar sempre das pesquisas, mesmo quando elas vêm de instituições sérias. Agora, acho importante refazermos um levantamento sobre violência contra a mulher. Ainda temos 26% de pessoas que acham que mulher que mostra o corpo merece ser estuprada. Ainda é um dado ruim.
Graça e Lobão cancelam ida ao Senado para falar sobre compra de refinaria
Em meio à guerra de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar denúncias de irregularidades na Petrobras, a presidente da estatal, Graça Foster, e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, cancelaram os depoimentos que prestariam em comissões do Senado nos dias 8 e 15 de abril, respectivamente. A ida dos dois ao Senado era uma estratégia do governo para esvaziar a criação de uma CPI, mas como já há quatro requerimentos para instalar as investigações, o PT decidiu que Graça e Lobão não devem antecipar depoimentos.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), foi o responsável pela articulação. Há cerca de dez dias, quando a oposição ainda não havia protocolado pedido de CPI, Costa acertou com Graça e Lobão que eles deveriam prestar informações em comissões do Senado para tentar conter o movimento pró-CPI no Congresso. Como depois disso a oposição conseguiu apresentar pedidos para investigações tanto no Senado, quanto envolvendo as duas Casas, o próprio Humberto Costa deliberou junto a Graça e Lobão que a presença deles não deveria ocorrer antes de uma eventual CPI. Se não houver CPI, garante o senador, Graça comparecerá à CAE posteriormente.
Patrimônio de André Vargas cresce 50 vezes em dez anos
Quando resolveu viajar com a família para João Pessoa logo após o réveillon deste ano, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), solicitou um jatinho ao doleiro Alberto Youssef, de quem diz ser amigo há duas décadas. Essa foi apenas a coroação simbólica de uma mudança radical de vida ocorrida ao longo de quatorze anos de vida pública. Apenas nos dez anos que separam sua primeira eleição, como vereador de Londrina, em 2000, para sua última disputa para a Câmara, em 2010, seu patrimônio cresceu 50 vezes.
Nem sempre o luxo fez parte da vida de Vargas. Até entrar na política, em 2000, tudo o que o ele tinha era um Monza 1993, avaliado em R$ 9mil, e a sociedade em três pequenas empresas, cujas cotas somavam R$ 2.100. Dois anos depois, quando se candidatou a deputado estadual, tinha vendido o Monza por R$ 4 mil e declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 2.565,59 — as mesmas empresas e um título de capitalização. Ele ainda devia R$ 1.275,87 a um banco.
Mas a vida começou a melhorar quando se elegeu deputado estadual em 2002. Nos quatro anos seguintes, Vargas adquiriu por R$ 80 mil uma caminhonete Ford F-250 usada e comprou duas casas em Londrina, por mais R$ 80.576,30. Mas o grande salto veio com sua primeira eleição para deputado federal em 2006. Nos quatro anos seguintes, o deputado saiu definitivamente da penúria.
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