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Porém, logo que os votos começaram a ser contados ficou evidente que os 11 votos prometidos pelo PSDB não apareceram nem de longe, apesar do anúncio oficial feito por Aécio Neves (PSDB-MG). O tucano, pré-candidato à Presidência da República em 2014, empenhou-se em levar o partido a um polo distante de Renan, o candidato com as bênçãos do Palácio do Planalto. Para senadores ouvidos pelo Congresso em Foco, o episódio foi uma derrota para Aécio, que mostrou uma liderança fragilizada entre seus colegas. Mas, lógico, não o suficiente para implodir seus anseios de disputar as eleições presidenciais no ano que vem.
Taques teve apenas 18 votos. A expectativa é que chegasse ao menos a 23. Somadas, as bancadas dos partidos que apoiaram o pedetista totalizam a 25 senadores. E ainda havia parlamentares independentes, como Ana Amélia (PP-RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), com os quais o grupo contava. Nesse cenário, os tucanos têm sido apontados como principais responsáveis pelo fiasco.
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Reservadamente, o próprio Aécio confidenciou que se surpreendeu com a votação baixa. Não imaginava, é verdade, que os correligionários Flexa Ribeiro (PA) e Mário Couto (PA) apostassem suas fichas no azarão Taques em nome da ética. Flexa mirava a primeira secretaria do Senado, cargo para o qual acabou eleito. Apelidada de “prefeitura” da Casa, o órgão administra licitações, contratos e um orçamento de R$ 3,5 bilhões. O PMDB ameaçava não apoiá-lo no posto se houvesse 22 ou 25 votos do lado que Taques. Com a baixa votação do “anticandidato”, o senador tucano conseguiu ser escolhido, sem problemas, para o poderoso cargo.
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Decepção
Mas Aécio imaginou que haveria mais senadores negariam o voto a Renan. Daí a decepção. Ao posar para fotos junto com Taques, na quinta-feira, o neto de Tancredo Neves se expôs e testou sua liderança na Casa. O termômetro não indicou um bom resultado, segundo senadores ouvidos pelo site. “Mostra que o Aécio tem fragilidade de liderar”, analisou um petista. Outro entende que o resultado único é o desgaste.
Senadores do PT faziam piada com a perplexidade de Taques com a promessa não cumprida de votos vinda do PSDB. Eles estimam que os tucanos despejaram ao menos sete votos em Renan. Dos 11 votos, só quatro teriam ficado com Taques. A estatística não está distante do que sugere a calculadora dos independentes. “Tem gente que não entregou o que havia prometido”, avaliou Randolfe Rodrigues (Psol-AP).
A íntegra do discurso de Renan A íntegra do discurso de Pedro Taques Tudo sobre a eleição da Mesa |
Nos discursos em plenário antes da votação, 18 senadores subiram à tribuna. Entre os apoiadores de Taques, somente um tucano: o líder do partido no Senado, Álvaro Dias (PR). O PSB, por exemplo, partido da base e que decidiu ir contra Renan, viu seus quatro parlamentares discursarem a favor do pedetista e contra a eleição do peemedebista.
Peemedebistas e petistas avaliavam corretamente que o apoio tucano a Taques era um método de o PSDB marcar posição com vistas a 2014. Álvaro Dias revelava: é melhor a estratégia de apostar em alguém para dividir a base aliada que a de lançar um candidato próprio e ter todos contra si. Vitória seria ter 26 ou 27 votos contra Renan. Mas não deu certo.
Pequeno trunfo
Ao contrário, o desempenho do PSB foi considerado um pequeno trunfo para Eduardo Campos, o governador de Pernambuco que sonha com a Presidência da República em 2014. Ao colocar todos os quatro senadores para declararem votos em Taques, ficou mais uma vez marcada a posição de uma terceira via dentro da base aliada do governo Dilma. Para alguns senadores, isso mostra coerência com o discurso.
Por outro lado, os petistas ainda desconfiam dos benefícios a Eduardo Campos. Para eles, a postura dos senadores do PSB e a candidatura do deputado Júlio Delgado (MG), na Câmara, revelam certo hesitação do governador de Pernambuco. “Ora ele se apresenta como um candidato dentro da nossa base, ora como alguém aliado da oposição. A Marina Silva percebeu isso e não embarcou nessa com o PV ou com o seu futuro partido”, acredita um parlamentar.
Malandro
No PMDB, a postura do PSDB foi vista como lealdade. Para eles, acerta quem considera a eleição no Senado uma questão interna, resolvida na base das amizades e compadrios, e não numa disputa governo-oposição. O ex-líder dos tucanos rechaça as críticas. “Atribuir essas traições a nós é mais do que deselegância e injustiça, é má-fé”, disse Álvaro Dias. Ele não aceita as avaliações de lealdade com o PMDB. “Para o PSDB, é um elogio de malandro.”
A reportagem procurou Aécio na tarde de ontem, mas não obteve retorno de sua assessoria. Ele deixou o Senado antes do fim das votações, segundo seus auxiliares.
Sorrisos e choro
A votação de Renan fez os aliados se alternarem entre lágrimas e risadas. Era só sorrisos o senador Fernando Collor (PTB-AL), que teve Renan como seu líder de governo quando foi presidente da República (1990-1992). Depois de receber muitos cumprimentos, Renan observou um Gim Argello (PTB-DF) a chorar. Com cuidado, limpou os olhos do colega.
Mais tarde, Gim tornava público seu descontentamento com o presidente recém-eleito. Ele queria que Renan impedisse a escolha, no voto, do novo titular da terceira-secretaria. Gim Argello queria Magno Malta (PR), que deveria ser o preferido de acordo com a chamada proporcionalidade partidária (que impõe a divisão dos cargos da Mesa de acordo com o tamanho das bancadas), mas o PMDB havia fechado acordo para dar o cargo para Ciro Nogueira (PP-PI). No voto, deu Ciro.
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