Reportagem – é o aprofundamento de uma notícia ou o mergulho em um fato importante, mesmo que não seja recente, em busca de revelações exclusivas. A reportagem, na acepção aqui utilizada, está no universo do “jornalismo investigativo”, que remete ao esforço para tornar públicos fatos relevantes que autoridades ou pessoas poderosas gostariam de manter ocultos. Uma boa reportagem requer pesquisas intensas, entrevistas com grande diversidade de fontes, reiteradas checagens e cuidado especial na apresentação do conteúdo final, que pode trazer complementos como vídeos, infográficos, mapas e painéis de visualização de dados. Também deve trazer – ou, no mínimo, tentar obter – as explicações de quem pode ter sua imagem arranhada pela sua publicação.
Prêmio "Brasileiros do Ano", da revista Istoé. Na imagem, Sérgio Moro e Aécio Neves conversam
O flagrante de um momento de descontração entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o juiz Sérgio Moro, em uma festa de premiação da revista IstoÉ, nessa terça-feira (6), em São Paulo, irritou petistas e aliados.
Alvo de dois inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) com base em delações da Lava Jato, Aécio trocou gargalhadas com o magistrado que preside os processos da operação na Justiça Federal. À frente deles, com expressão fechada, estava o presidente Michel Temer, premiado como “O brasileiro do ano” pela revista.
“Um prêmio motivador para que nós salvemos o país”, disse o presidente. Moro foi condecorado como o “Brasileiro do Ano na Justiça”.
Presidente nacional do PSDB, Aécio foi citado por pelo menos cinco delatores na Lava Jato como beneficiário do esquema de corrupção: o doleiro Alberto Youssef e seu colaborador Carlos Alexandre de Souza Rocha, o ex-deputado Pedro Corrêa, o ex-senador Delcídio do Amaral e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
Machado relatou, em delação premiada, que participou da captação de recursos ilícitos para bancar a eleição do hoje senador Aécio à presidência da Câmara em 2001. O tucano é também investigado em dois inquéritos abertos a partir da delação de Delcídio. O primeiro caso trata da suspeita de que o presidente do PSDB recebeu propina de Furnas e outro quer avaliar a suspeita de maquiagem de dados do Banco Rural para esconder o mensalão mineiro. O senador do PSDB nega as irregularidades.
Na festa, estavam outros políticos sob suspeita de participação no maior esquema de corrupção já descoberto no país, como José Serra (das Relações Exteriores) e Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, do PSD). Assim como Aécio, eles não estão na alçada de Moro, mas do Supremo Tribunal Federal, devido ao foro privilegiado.
O líder da oposição no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), que também responde a inquérito da Lava Jato no Supremo, postou a foto em sua página no Facebook em tom provocativo: “QUAL A MELHOR LEGENDA PARA ESTA FOTO? Aconteceu há pouco o prêmio Isto É, concedido pela ‘revista’ para as personalidades que se destacaram no ano de 2016 – segundo os critérios da mesma. Entre os premiados, Moro, Dória e TEMER, eleito a personalidade do ano. Pior que o prêmio, no entanto, é a foto: do que riem tanto o ‘justiceiro’ alçado a ‘herói nacional’ e o candidato derrotado em 2014 – e recordista em citações na investigação comandada pelo primeiro? Resolvemos dar asas à imaginação de vocês: postem a legenda mais adequada nos comentários…”
A líder da oposição na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), também comentou a foto nas redes sociais: “Olhem esta foto na entrega do prêmio Isto É. Será que explica porque não tem tucano preso, apesar das delações?”.
Edson Sardinha
Diretor de redação. Formado em Jornalismo pela UFG, foi assessor de imprensa do governo de Goiás. É um dos autores da série de reportagens sobre a farra das passagens, vencedora do prêmio Embratel de Jornalismo Investigativo em 2009. Ganhou duas vezes o Prêmio Vladimir Herzog. Está no site desde sua criação, em 2004.
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