Edson Sardinha
Representantes dos governos do Brasil e do Suriname viajam para Albina, no noroeste do país, para verificar as condições da cidade, localizada a 130 quilômetros da capital Paramaribo, após ataque de quilombolas locais a um grupo de brasileiros, chineses e peruanos. Prédios e carros foram depredados e incendiados. Relatos extra-oficiais apontam sete mortos e cerca de 80 feridos, além de 20 mulheres violentadas sexualmente, no ataque ocorrido na última quinta-feira.
Veja as imagens da cidade destruída (crédito: Radio Katolica FM)
Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou de Brasília esta manhã com direção ao Suriname, com dois integrantes do Itamaraty a bordo. O embaixador do Brasil no Suriname, José Luiz Machado e Costa, diz que não há informações oficiais sobre mortos brasileiros. Até agora, segundo ele, há registro oficial de 25 feridos, sete deles em estado grave, e de um surinamês morto.
Segundo o missionário José Vergílio, que dirige a Rádio Katolica do Suriname, há pelo menos sete mortos. O padre contou em entrevista à Globo News que o ataque teria sido uma vingança pela morte de um morador da comunidade de Albina por um brasileiro. A cidade é o principal ponto de fronteira com a Guiana Francesa.
Ainda segundo informações extra-oficiais, as vítimas foram golpeadas por paus e facões, e 20 brasileiras foram estupradas. Diversos pontos da cidade foram incendiados.
De acordo com o padre José Vergílio, a briga começou quando um morador local morreu após ser esfaqueado, durante uma briga, por um brasileiro. Os dois participavam de uma festa, no dia 24, com mais de mil pessoas. Os brasileiros que vivem na região trabalham no garimpo.
“Esses descendentes de quilombola se acham praticamente os donos do lugar, então, ao que parece, tentaram se impor aos brasileiros que estavam por ali. Eles não gostam de quem os desafia. O próprio governo do Suriname tem dificuldade para estabelecer a lei na região”, disse à Folha de S. Paulo o embaixador do Brasil no Suriname, José Luiz Machado e Costa.
José Luiiz disse que o Itamaraty prestará todo apoio aos brasileiros, mas admitiu que a situação irregular de muitos deles dificulta a relação com os nativos. “A convivência sempre foi de harmonia. Porém, alguns brasileiros não pagam impostos, estão em situação irregular, e isso gera às vezes alguma tensão. Eles são vistos como pessoas que usufruem dos serviços públicos sem pagar nada por eles”, afirmou o embaixador à Folha. O garimpo de ouro, especialmente quando se usa mercúrio, também é ilegal no país, acrescentou.
Os ministros da Defesa, da Justiça, e das Relações Exteriores do Suriname foram à TV na sexta-feira à noite para pedir desculpa aos brasileiros residentes no país. Eles prometeram fazer de tudo para garantir a convivência pacífica entre os dois povos.
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