O presidente Lula afirmou hoje em seu programa semanal de rádio, Café com o presidente, que é necessário construir uma “nova relação” com empresas européias para que os biocombustíveis brasileiros garantam mercado, principalmente nos países visitados na semana passada pelo petosta : Dinamarca, Finlândia, Noruega, Suécia e Espanha.
Lula visitou os países escandinavos e a Espanha com a pauta de levar o programa energético do Brasil a governos e empresários europeus. “A União Européia decidiu que até 2020 vai introduzir nos combustíveis fósseis, ou seja, na gasolina ou no óleo diesel, 10% de combustíveis renováveis, ou seja, de biocombustíveis. Ora, isso implica que o Brasil pode ter uma participação extraordinária, porque ninguém tem a tecnologia que o Brasil tem para produzir etanol”, afirmou.
O presidente voltou a destacar a economia brasileira, que em suas palavras está “arrumada”. “Eu poderia dizer que a casa está arrumada, as coisas estão acontecendo, o mercado interno está crescendo, o poder aquisitivo do povo está crescendo. E isso, obviamente, motiva investidores”, disse.
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Lula voltou a afirmar que a crise no mercado imobiliário americano não vai mexer na economia do Brasil e ressaltou que o crescimento brasileiro é um caminho “sem volta”. Ele também comemorou os números da pesquisa divulgada na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que revela que a renda do trabalhador aumentou entre 2005 e 2006. (Rodolfo Torres)
Confira a íntegra do Café com o presidente
Apresentador: Olá você em todo o Brasil. Eu sou Luiz Fara Monteiro e vai começar o programa de rádio do presidente Lula. Tudo bem, presidente?
Presidente: Tudo bem, Luiz.
Apresentador: Presidente, nós falamos direto de Madri, na Espanha. O senhor fez uma viagem longa, a mais longa de suas viagens como presidente. O senhor passou por Finlândia, Suécia, Dinamarca e Noruega. Que balanço o senhor faz dessa viagem, presidente?
Presidente: Luiz, a nossa viagem é porque nós entendemos que é possível melhorar a relação do Brasil com esses países. É possível fazer novas parcerias entre as nossas empresas e as empresas deles, é possível construir novas empresas no Brasil, é possível haver novos investimentos dos países nórdicos no Brasil e, sobretudo, porque nós fomos junto com vários empresários do setor do etanol, do setor do biodiesel, com a Petrobras e com as construtoras brasileiras na perspectiva de construir uma nova relação. Aperfeiçoar essa relação.
Apresentador: Presidente, essa questão de infra-estrutura. É importante atrair essas parcerias para o Brasil? A Espanha já tem várias empresas em nosso país, a Suécia tem bastante empresas no país. Qual é a estratégia que tem por trás dessas viagens para melhorar a estrutura no Brasil?
Presidente: Luiz, duas coisas muito importantes. Primeiro, a solidez da economia brasileira. Hoje o Brasil é um país com uma economia arrumada. Eu poderia dizer que a casa está arrumada, as coisas estão acontecendo, o mercado interno está crescendo, o poder aquisitivo do povo está crescendo. E isso, obviamente, motiva investidores. Se você pegar a Suécia como exemplo, tem 200 empresas suecas no Brasil.
E também porque estamos discutindo a questão do etanol. A União Européia decidiu que até 2020 vai introduzir nos combustíveis fósseis, ou seja, na gasolina ou no óleo diesel, 10% de combustíveis renováveis, ou seja, de biocombustíveis. Ora, isso implica que o Brasil pode ter uma participação extraordinária, porque ninguém tem a tecnologia que o Brasil tem para produzir etanol.
O Brasil saiu na frente na produção de biodiesel e, portanto, estamos plantando agora uma semente que certamente vai dar muito fruto. Porque o mundo desenvolvido vai ter de cumprir o Protocolo de Quioto, e no Protocolo de Quioto, ou seja, eles vão ter de colocar algum combustível menos poluente e é exatamente aí que entra o Brasil, que entra a tecnologia brasileira, que entra o conhecimento brasileiro. É uma discussão que estamos fazendo pelo mundo inteiro e eu faço com muito orgulho porque eu acho que os biocombustíveis são a chance dos países que não tiveram chance no século XX. O século XXI eu acho que tem de ser dos países mais pobres.
Apresentador: Por onde o senhor tem passado, o senhor tem lembrado que o Brasil tem US$ 161 bilhões em reservas e por isso não teme a crise no mercado financeiro americano. O Brasil hoje é um lugar seguro para o investidor estrangeiro aplicar seus investimentos?
Presidente: Eu tenho ouvido isso de todos os presidentes. O que eu tenho ouvido na Espanha, na Finlândia, na Suécia, na Dinamarca e na Noruega e em outros países do mundo é a convicção de que a economia brasileira está arrumada. Não só porque nós temos reserva, mas porque estamos com o mercado interno crescendo, porque estamos com a indústria crescendo, porque estamos com a educação crescendo, porque estamos com a renda crescendo.
Obviamente, Luiz, que ainda falta fazer muita coisa no Brasil, afinal de contas, eu digo sempre, você não pode consertar 500 anos em 5 anos, mas você pode colocar alicerces importantes para que nos próximos anos o Brasil finalmente se transforme em uma nação altamente desenvolvida.
Apresentador: Você está ouvindo o Café com Presidente. Falamos sobre a viagem do presidente Lula aos países nórdicos e à Espanha. Presidente, duas pesquisas divulgadas pelo IBGE na última semana reforçam o quadro de estabilidade econômica e de crescimento do Brasil. Uma dessas pesquisas foi o Pnad, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Que dados o senhor acha que são importantes ressaltar nesse estudo?
Presidente: O que me deixa satisfeito, veja, eu disse em um pronunciamento que fiz na televisão há uns dias atrás, que eu era o brasileiro mais satisfeito e, ao mesmo tempo, mais insatisfeito. Satisfeito porque estou percebendo que as coisas estão melhorando. São mais crianças na escola, são mais jovens no ensino técnico, são mais jovens na universidade. Aumenta o número de trabalhadores com carteira profissional assinada, aumenta o número de contribuintes da Previdência Social, a renda do trabalhador aumenta, ele passa a ganhar um pouco mais, ou seja, o consumo aumenta. Tudo isso me deixa satisfeito. A única coisa que eu posso dizer ao povo brasileiro através de nossos programas é o seguinte: finalmente o Brasil encontrou o seu caminho. Não tem retorno, o Brasil vai crescer, vai se desenvolver, vai gerar emprego, vai melhorar as condições de vida do povo e, quero dizer, essa crise americana não mexerá conosco.
Apresentador: Presidente, outra pesquisa do IBGE que divulgou números do PIB demonstra que as riquezas do país aumentaram. Já é possível dizer que essa riqueza está chegando à todas as camadas da população, sobretudo àquelas camadas mais baixas?
Presidente: É possível. É possível dizer que ainda temos muitas desigualdades sociais, ainda precisamos arrumar a casa, mas já começamos a melhorar muito. É só você perceber o crescimento do consumo no nordeste brasileiro. É só você perceber o crescimento econômico nos estados que antigamente não cresciam. E é só você perceber o crescimento da produção industrial combinado com o crescimento da massa salarial. A gente pode começar a dizer que está havendo um processo de distribuição de renda no Brasil e os números do IBGE demonstram isso claramente.
Apresentador: Obrigado, presidente, e até segunda-feira que vem.
Presidente: Obrigado a você, Luiz, e até a próxima segunda-feira e aí sim, gravando do Brasil.
Apresentador: Falamos, então, de Madri, na Espanha. Obrigado a você que nos acompanhou. Até a semana que vem com mais uma edição do Café com Presidente.
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