Fábio Góis
Em um plenário esvaziado pela segunda-feira (8) sem votações ou deliberações, o vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), foi à tribuna para defender o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, que, em artigo publicado na edição deste domingo do Estado de S. Paulo, volta a fazer críticas ao presidente Lula. Segundo Alvaro, o governo anterior deixou uma “herança bendita recolhida” pelo atual.
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“Por que ignorar esse passado, desprezar esses feitos, por que tentar apropriar-se deles? Isso é honestidade intelectual?”, discursou Álvaro, para uma platéia de oposicionistas como o vice-presidente de FHC, Marco Maciel (DEM-PE), Mão Santa (PSC-PI), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Adelmir Santana (DEM-DF), além de Antonio Carlos Valadares (PSB).
No artigo, FHC diz que Lula, em “momentos de euforia”, inventa desafetos e enuncia “inverdades”. “Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da Lei de Responsabilidade Fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobrás, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal”, fustigou o tucano, citando outros exemplos do que, segundo ele, foi feito de maneira bem sucedida em seu governo.
“Esqueceu-se dos investimentos do Programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao País”, acrescentou FHC. “Se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa.”
Segundo o senador paranaense, a realização exitosa de diversos projetos atribuídos ao “lulismo” teve origem no governo anterior. “Se foi neoliberal o governo FHC, o que é o atual governo? Afinal, não manteve a política econômica? E os sociais? São os mesmos idealizados e administrados no governo passado”, emendou Alvaro, lembrando projetos que, em sua opinião, fracassaram.
“O que foi feito do Fome Zero? Morreu da fome e da incompetência.”
Real
Antes de fazer a leitura do artigo de FHC, Alvaro cedeu a palavra a Marco Maciel, para quem os oito anos de mandato de FHC foram marcados pela “lisura e visão de estadista” e por acertos na área econômica. “Nada se compara com o Plano Real. Ele criou condições para que o país pudesse se livrar da inflação”, disse o senador pernambucano, acrescentando “o processo de crescimento continuado, sem sobressaltos” que, segundo ele, decorreu da política de FHC.
Por sua vez, Mão Santa usou o habitual discurso entremeado por citações históricas para estender os elogios à ex-primeira-dama Ruth Cardoso, morta em junho de 2008. “Dona foi uma santa, nunca quis aparecer. Ela foi responsável pelo melhor projeto social deste país, nunca fez demagogia”, disse o parlamentar piauiense, referindo-se ao programa Comunidade Solidária.
Na sessão não deliberativa desta segunda-feira, nenhum petista ou integrante da base aliada estava em plenário para fazer frente às críticas oposicionistas.
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